
Por Lucas Rocha
A juíza Maria do Perpetuo Socorro da Silva Menezes, do Tribunal de Justiça do Amazonas, determinou em liminar que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deve apagar postagem que fez relacionando o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI do Genocídio, à pedofilia.
Segundo informações do jornalista Nelson Lima Neto, na coluna do Ancelmo em O Globo, a decisão foi publicada na terça-feira (17). A magistrada deu ao filho do presidente Jair Bolsonaro 72h para apagar o comentário. Aziz pediu ainda uma indenização de R$ 44 mil, que ainda não foi apreciada.
Eduardo Bolsonaro fez postagem tentando difamar o senador após Aziz criticar o encontro de Jair Bolsonaro com a deputada neonazista alemã Beatrix von Storch, líder do partido de extrema-direita AfD. Storch é também neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, Lutz Schwerin von Krosigk.
O encontro foi no Palácio do Planalto, sede do Executivo brasileiro, e despertou sérias críticas por parte de inúmeros setores da sociedade.
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Bolsonaro até tentou minimizar o encontro, mas segue sem explicar qual foi a motivação dele. “Não posso receber essa deputada? Foi eleita democraticamente na Alemanha. Agora, se eu for ver a ficha de cada um deles para ser atendido, vai demorar horas”, disse.
Carta de Bolsonaro aos neonazistas
A antropóloga e pesquisadora da PUC de Campinas Adriana Dias, que há anos rastreia pela internet grupos extremistas de ultradireita que atuam no Brasil, encontrou uma carta do então deputado federal Jair Bolsonaro, datada de 2004, dirigida a neonazistas de um site que propagavam tal ideologia, retirado do ar em 2006: o Econac.
Dias entende que a forma como Bolsonaro se dirige aos neonazistas é reveladora, mas o ponto principal é o engajamento do grupo com o deputado. “Na verdade, o teor do documento (carta) não é o mais importante. O mais importante nessa carta é que ele diz que essas pessoas são a razão do mandato dele e essa carta só foi publicada em sites neonazistas e em nenhum outro canto”, disse à Fórum.
AfD e o Nazismo
O partido AfD (Alternativa para a Alemanha) é uma organização ultrarradical que abriga os membros mais extremistas do espectro político daquele país. A sigla defende abertamente ideias xenofóbicas, racistas, segregacionistas e violentas. Seus principais alvos são os muçulmanos, mas ainda pode ser notado um vigoroso antissemitismo em suas fileiras.
Ainda que seus quadros tenham perdido força durante a pandemia, AfD tem bancada significativa no parlamento alemão, com 92 deputados de um total de 709.
Segundo a imprensa alemã, seus membros nutrem simpatia pelo Nazismo e pela figura de Adolf Hitler, mas manifestações desse tipo são feitas de forma velada, muito por conta da forte reação que manifestações desse tipo produzem na sociedade germânica.
Muitos de seus membros já foram “expulsos” do partido quando exageraram nos elogios ao homem que promoveu a matança de seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial e ao seu regime. Há pouco mais de três meses, o Serviço Secreto da Alemanha colocou a AfD sob vigilância, por considerar suas atividades perigosas para a nação.