
Com o presidente norte-americano Donald Trump de um lado, incentivando seus apoiadores a invadirem o Capitólio, e de outro o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, desacreditando o sistema eletrônico de votação, o resultado social é desastroso.
Um estudo publicado no Valor Econômico sacramentou o que antes era somente uma desconfiança entre os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): a Justiça Eleitoral perdeu prestígio no país.
Realizada pelo doutor em Ciências Jurídicas Frederico Franco Alvim, assessor do ministro Fachin no TSE, a pesquisa concluiu que a Justiça Eleitoral brasileira vive uma crise de imagem, em razão do crescimento do desinteresse da população pela política, dos altos índices de alienação eleitoral e da fragilidade do apego coletivo à democracia.
As análises demonstraram que a Justiça Eleitoral teve uma redução de mais de 15% na chamada Escala GPEI – “Percepções Globais de Integridade Eleitoral”, na sigla em inglês. No ranking desenvolvido pelas universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e de Sidney, na Austrália, a nota do Brasil diminuiu de 82,3 para 69,7 entre 2014 e 2018.
Além disso, o país registrou perda em 20 dos 21 quesitos avaliados pelo GPEI, a exemplo dos tópicos “As eleições são bem administradas”, “As autoridades eleitorais são justas”, “As urnas são seguras” e “Os votos são regularmente contabilizados”.
Segundo Alvim, a corrosão da confiança pública nas instituições pode ser “gatilho” para protestos centrados em alegações de fraude, exatamente como ocorreu nos Estados Unidos. Esse cenário é um risco para a democracia: “Em contextos de instabilidade social, a sólida reputação dos órgãos de gestão eleitoral avulta como um fator essencial para a atenuação das perspectivas de conflito.”
Com informações do Valor Econômico