
A morte da jovem modelo e designer de interiores negra Kathlen Romeu, aos 24 anos e grávida do primeiro filho, durante mais uma operação policial indevida nesta terça-feira (8), provocou revolta nos moradores do Complexo do Lins, no Rio de Janeiro. Em protesto, a população bloqueou a estrada Grajaú-Jacarepaguá, na Zona Norte.
Kathlen estava grávida de 13 semanas e foi atingida por disparos de fuzil. A jovem chegou a ser socorrida, porém morreu no hospital Salgado Filho, no Méier. A morte de Kathlen aconteceu um mês depois da Chacina do Jacarezinho, que também contrariou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir operações policiais no Rio de Janeiro durante o período pandêmico.
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A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que não houve operação e sim um confronto após policiais da UPP Lins serem “atacados a tiros durante patrulhamento”. Ainda segundo a PM, “após cessarem os disparos, os agentes encontraram uma mulher ferida e a socorreram ao hospital”.
Kathlen não morava na comunidade há um mês e estava com a avó a caminho do trabalho da tia. Em entrevista a emissoras de TV, a avó disse que perdeu a neta e o bisneto em um “tiroteio bárbaro”. “Perdi a minha neta de um jeito estúpido. Ela estudava, trabalhava e era formada”, comentou a avó de Kathlen.
Socialistas lamentam morte de jovem
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), lamentou a morte de Kathlen. Em postagem nas redes, o socialista prometeu continuar lutando pela mudança na política de segurança do estado.
O presidente do PSB-DF, Rodrigo Dias, expressou indignação sobre o caso Kathlen. O socialista enfatizou nas redes sociais que “a necropolítica continua a tirar a vida de corpos negros no Brasil” e que a morte de Kathlen é mais uma tragédia que choca e aflige a sociedade.
Bala perdida com endereço certo
Os dados do Mapa da Violência de 2019 e uma série de estudos da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que analisa as taxas de mortalidade dos municípios brasileiros, demonstram que ter a pele escura, no Brasil, é sinônimo de redução da expectativa de vida, pois 75% das vítimas de homicídio eram pessoas negras.
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Já o Monitor da Violência mostra que, em 2020 no Brasil, 78% dos mortos pela polícia eram negros. Isso quer dizer que quatro a cada cinco pessoas mortas pelas polícias civil e militar em 2020 eram pretas ou pardas. O levantamento é do G1, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP, que se baseou em conflitos com civis ou lesões não naturais com participação de policiais em atividade.
Com informações do Alma Preta