
Todas as grandes crises resultam em convulsões políticas que também impactam na economia. Com a pandemia da Covid-19 não seria diferente. Há um ar de mudança de regime que flutua na política econômica global que tem como protagonista o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden. O democrata quer acabar com a hegemonia neoliberal que impera há 40 anos nas economias centrais.
Biden, segundo análise publicada pelo jornal El País, é o principal artífice dessa metamorfose na política econômica global. A mudança de paradigma começou a tomar forma em 2009, mas se acelerou com a crise do coronavírus. Na fase mais aguda da pandemia, governos em todo o mundo aprovaram estímulos fiscais e monetários em uma escala que só havia sido vista em guerras mundiais.
“Jogar dinheiro de um helicóptero“
O presidente Joe Biden dobra ou triplica a aposta em estímulos fiscais e monetários: os EUA, além de vacinar a toda velocidade, aprovaram um primeiro pacote de estímulo de quase US$ 2 trilhões (11,2 trilhões de reais) para reforçar a recuperação da economia no curto prazo, que incluiu cheques de 1.400 dólares (7.850 reais) para os estadunidenses, o equivalente ao que os economistas costumam chamar de “jogar dinheiro de um helicóptero”.
Logo em seguida, Biden anunciou um segundo pacote, mais estrutural, com uma perspectiva de longo prazo. São mais U$ 2 trilhões para os próximos oito anos, com medidas destinadas a resolver alguns dos problemas que a maior potência mundial acumula há décadas: desigualdade, pobreza, educação, saúde, clima, investimento em infraestrutura, combate aos monopólios tecnológicos e um retorno ao multilateralismo.
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Houve ainda um anúncio pelo governo dos EUA nunca visto em duas gerações: uma proposta para um aumento global de impostos corporativos, uma aberração até pouco tempo. Além de um aceno ao sindicalismo, algo incomum nos EUA. Combinado com o que já estava na mesa, este é um estímulo do tamanho de um daqueles enormes porta-aviões que navegam pelo Pacífico Sul: cerca de 5 trilhões, um quarto do PIB dos Estados Unidos.
Confira aqui a análise do El País na íntegra