
O fim do período para troca partidária, encerrado na última sexta-feira (1º), confirmou o posicionamento firme do PSB de que os socialistas não abrem mão da defesa das pautas que buscam a redução das desigualdades e do desenvolvimento sustentável do país.
O que fez com que três parlamentares que faziam parte da legenda, mas mantinham posicionamento dissonante das questões definidas em conjunto pelos socialistas, deixassem o PSB.
Agora os ex-filiados ao PSB Emidinho Madeira (MG), Rosana Valle (SP) e Jefferson Campos (SP) desembarcaram no PL de Jair Bolsonaro.
Apesar de engrossarem as fileiras bolsonaristas, posição totalmente incompatível com os socialistas, a saída desses parlamentares reforça que o PSB é um dos principais partidos da esquerda no Brasil.
Histórico da dissidência
A votação da reforma da previdência, em julho de 2019, é um exemplo. Os três parlamentares votaram a favor do texto bolsonarista que alterou para pior as regras de aposentadoria.
O PSB fechou questão contra a proposta por entender que ela é prejudicial à população. E, quando um partido fecha questão sobre determinado tema, todos os parlamentares da legenda devem votar de acordo com o que foi definido pela agremiação.
O mesmo aconteceu com a PEC bolsonarista do voto impresso e a PEC do Calote, que permite ao governo descumprir decisões judiciais relativas ao pagamento de dívidas.
PSB é de esquerda
À Folha, Jefferson Campos afirmou que, após a morte do presidenciável Eduardo Campos, em 2014, “o PSB tomou um viés de esquerda muito acentuado, ficou quase um partido mais rígido que o PT.”
“Fui suspenso por um ano do partido por votar pela reforma da Previdência, sem comissões, sem vice-lideranças, sem relatoria. Fiquei lá um deputado acéfalo”, disse o parlamentar já filiado de fato à base bolsonarista.
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Ele tentou deixar o partido fora do prazo legal de desfiliações sem risco de perder o mandato, o que foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O parlamentar, que se afirma evangélico de direita, alega que anteriormente não havia pressão por conta de seus posicionamentos.
“Então, é mais de acordo com as minhas ideologias, com aquilo que eu defendo nos meus sete mandatos parlamentares, é mais o que pensa o meu eleitorado. A esquerda hoje tem uma pauta incongruente com meu eleitorado e com a minha maneira de pensar”, disse ao jornal para justificar sua saída do partido.
A favor das ameaças
Em outro episódio de dissonância com os socialistas, Jefferson Campos votou contra a manutenção da prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (União Brasil-RJ), durante a sessão que o manteve atrás das grades ao confirmar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021.
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Silveira é investigado no inquérito das milícias digitas por ameaçar os ministros do STF e a própria Corte. Na semana passada, voltou aos holofotes por brincar de gato e rato com a justiça ao se negar a recolocar a tornozeleira eletrônica e usar a Câmara dos Deputados como esconderijo.