
Com Henrique Rodrigues
A imprensa argentina tratou o episódio da retirada de jogadores do país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do clássico com Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar, em São Paulo, neste domingo (5), como um “teatro”. O caso, um dos mais insólitos da história do futebol mundial, é chamado de “papelão” pelos jornais do país vizinho.
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O diário La Nación, considerado o mais “sisudo” e formal dos jornais argentinos, destaca que “vergonha”, “papelão”, “escândalo” e “partida caótica” foram as expressões mais usadas pela imprensa local e internacional para definir a rocambolesca atitude das autoridades sanitárias brasileiras.
A publicação assinalou que veículos de toda a América Latina, assim como da Europa, criticaram o que teria sido um “teatro” protagonizado pela Anvisa, com exceção dos jornais do Brasil (Folha e O Globo são citados), que teriam aceitado a versão e as desculpas do órgão governamental para levar a cabo tal atitude.
O esportivo Olé foi mais ácido em suas considerações. Em diversas reportagens diferentes, o mais popular jornal argentino do segmento chamou o caso de “papelão”, além dos “elogios” que se proliferaram pela mídia do país, como “vergonha”, “escândalo” e “insólito”. A matéria principal do Olé considera que tudo não passou de uma “cena” para criar constrangimento e traz uma declaração de Messi de que a Anvisa “estava nos esperando”.
A tese de armação e de “teatro” é mais destacada no Clarín, periódico mais influente da Argentina, que além de reportar igualmente o “papelón” falou sobre uma suposta tentativa de intervenção do presidente Jair Bolsonaro para conseguir a continuação da partida.
O diário destacou também o papel do embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, que estava nas tribunas do Itaquerão e imediatamente deixou o local para colocar-se ao lado de seus compatriotas, para os proteger de qualquer abuso. Scioli acompanhou a delegação esportiva de seu país até o aeroporto de Guarulhos, para o retorno a Buenos Aires.