
A aprovação do segundo pedido de impeachment do presidente americano Donald Trump “jogou lenha na fogueira” de partidos que seguem à espera de que um dos 60 pedidos protocolados contra Jair Bolsonaro (sem partido) sigam adiante no Parlamento brasileiro.
Nesta quarta-feira (13), pela primeira vez na história dos Estados Unidos um presidente americano sofreu impeachment duas vezes. Ao todo, 232 deputados votaram contra Trump, sendo 10 do partido aliado do presidente que deixará o cargo no dia 20 de janeiro. Democratas foram unânimes em acatar o pedido que ainda terá de ser votado por senadores do país, após o episódio de invasão ao Capitólio, insuflado pelo magnata.
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Na opinião do presidente do PSB, Carlos Siqueira, a rápida aprovação do impeachment de Donald Trump deixou uma clara lição ao Brasil. “RESPOSTA RÁPIDA| Nos EUA, ameaçar a democracia e as instituições tem consequências! Trump sofreu impeachment na Câmara dos Representantes por insurreição e incitação de violência que resultou na invasão do Capitólio por extremistas. EUA faz a lição de casa”, avaliou.
“Aprender com a história”
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), pediu que o Brasil aprenda com os fatos. “Trump deixará um legado de violência/desinformação: seu 2º impeachment foi aprovado por incitação aos atos que culminaram na invasão do Capitólio. Aprendamos com os fatos nos EUA para que não vejamos o mesmo aqui: precisamos nos unir para derrotar o fascismo”, disse o deputado, coautor de um pedido já protocolado contra Bolsonaro.
Para a deputada Fernando Melchionna (PSOL-RS), a “derrota sofrida por Trump tem um importante significado histórico” e coloca em pauta a defesa feita pela oposição brasileira há quase um ano: “que Rodrigo Maia paute o impeachment de Bolsonaro. Apresentamos um dos primeiros, em março, com apoio de intelectuais, artistas e 1 milhão de assinaturas”, recordou.
Racha entre republicanos
Candidato do PCdoB à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2020, o deputado Orlando Silva destacou o levante entre os próprios correligionários do presidente americano. “Trump é o primeiro presidente americano a sofrer 2 impedimentos no mesmo mandato. Deve vez, será indiciado por tentativa de sedição. Importante notar que 10 deputados republicanos abandonaram o repugnante homúnculo laranja. Se ocorrer o mesmo no Senado, poderá ficar inelegível”.
Reação a levantes e táticas de Bolsonaro
“As palavras no máximo convencem, é o exemplo que arrasta. Aprendamos com os deputados dos EUA, não é possível tolerância contra quem atenta contra democracia, seja lá, seja aqui”, comentou o líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Autor do 60º pedido de impeachment contra o ex-capitão do Exército, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) recordou que “as semelhanças dos crimes cometidos pelos dois presidentes. “Este 2021 tem de ser o ano do impeachment no Brasil”, reforçou.
Companheiro de partido, Paulo Teixeira (PT-SP) também se uniu aos que viram oportunidade no exemplo estrangeiro: “Temos que evoluir aqui no Brasil para o impeachment do Bolsonaro”, escreveu o deputado em seu Twitter.
Extrema direita lá e cá
Já o ex-chanceler brasileiro, Celso Amorim, avaliou que “a saída de Trump significa a retirada de uma importante base de apoio ao presidente Bolsonaro, que se baseia na extrema direita no Brasil, mas também na extrema direita na América do Norte e no governo Trump”, disse ao telefone em entrevista à Rádio Argentina La Patriada.
Articulista do fórum Jornalistas pela Democracia e colaborador do jornal El País, Florestan Fernandes Júnior ironizou um post viral de Flávio Bolsonaro, filho do mandatário brasileiro, no qual ele dizia que “Se acontece nos EUA, acontece no Brasil”. “Se tudo que acontece com Trump acontece com Bolsonaro, o impeachment do capitão pode ser uma questão de tempo”.
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