Bolsonaro justificou a localidade de Queiroz afirmando que o ex-assessor de seu filho estava tratando de um câncer em um hospital nas proximidades da casa do advogado Frederick Wassef

Foto: Reprodução
Ao ser preso na quinta-feira (18) em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz afirmou que estava “muito doente”. A justificativa também foi utilizada por seu advogado de defesa ao solicitar prisão domiciliar por tempo indeterminado.
No pedido à Justiça apresentado nessa sexta-feira (19), o advogado usa como argumento o “atual estágio da pandemia do coronavírus” e afirma que Queiroz “é portador de câncer no cólon e recentemente se submeteu à cirurgia de próstata”. No entanto, não foi apresentado nenhum prontuário, laudo ou relatório médico.
O Hospital Novo Atibaia, que fica a cerca de 3,5 km do local onde o ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso, também negou qualquer tratamento contínuo de câncer. Afirmando que Queiroz fez apenas consultas e exames laboratoriais em janeiro e maio deste ano.
Em 2019, Queiroz fez um tratamento no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ele pagou R$ 133,5 mil em espécie por uma cirurgia no local, que fica a cerca de 80 km de Atibaia, de acordo com o G1.
Justificativa fraca
A versão do hospital também contraria o presidente Jair Bolsonaro, que em live semanal após a prisão de Queiroz afirmou que ele estava no imóvel do advogado porque fica perto do hospital em que fazia tratamento de saúde.
“E por que estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital onde faz tratamento de câncer. Então, esse é o quadro. Da minha parte, está encerrado aí o caso Queiroz”, disse Bolsonaro.
O presidente, porém, não detalhou qual seria o hospital ou apresentou alguma prova. A tentativa de explicar o episódio causou estranhamento entre aliados e foi vista como uma fala defensiva.
Justiça nega prisão domiciliar
A desembargadora Suimei Cavaleiri, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, negou neste sábado (20) o pedido de substituição da prisão preventiva de Fabrício Queiroz. A íntegra da decisão não está disponível em razão da decretação do segredo de justiça.
Milicianos e vida saudável de Queiroz
No mandado de prisão de Queiroz, o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, cita a sua a influência com milicianos no Rio, repasses de ex-assessores para sua conta no valor de R$ 2.039.656,52 e saques na conta do investigado que totalizam quase R$ 3 milhões.
Os promotores destacam também que, durante a investigação, fotografias e mensagens de texto mostram que Queiroz levava uma vida ativa, aparentando estar bastante saudável, chegando a consumir bebidas alcoólicas e churrasco.
Nota do hospital
“O Hospital Novo Atibaia esclarece que Fabrício Queiroz, preso na manhã de ontem [quinta-feira, 18] em Atibaia, não estava em tratamento de saúde contínuo nesta instituição como consequência de uma doença progressiva. Em janeiro e abril deste ano, o mesmo esteve no Hospital Novo Atibaia em consultas de especialidades diferentes e, em maio, realizou exames laboratoriais.”