
Há 98 anos morria Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido pelo mundo como Lênin. O revolucionário, que continua a gerar polêmicas, inclusive dentro da esquerda, esteve à frente do Partido Comunista da Rússia e foi o primeiro presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Seu corpo foi mumificado e, desde 1924, está em exposição em um mausoléu na Praça Vermelha da capital russa, Moscou.
Lênin nasceu em Simbrsk, interior da Rússia. Seu pai era inspetor das escolas públicas da região.
“Era uma pessoa que tinha um cargo com algum status no sistema educacional da Rússia czarista. Sua família era como uma de classe média alta”, disse ao Jornal da USP Osvaldo Coggiola, professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, especialista em história contemporânea.
Duas grandes perdas atingiram o até então Vladimir Ulyanov. A morte do pai, em 1886, e a morte do irmão mais velho, Aleksandr, um ano depois. Ele foi enforcado após ter se engajado no movimento revolucionário e conspirado para matar o czar. O que o teria levado a se engajar na via política.
Segundo o professor, depois desses acontecimentos, a família foi isolada pela camada burguesa da cidade, o que provocou uma raiva direcionada aos nobres e liberais que Vladimir alimentaria até o final de sua vida.
O isolamento da família o fez ser recusado na Universidade de São Petersburgo e expulso da Universidade de Kazan. Ele estudou sozinho e conseguiu o diploma após muita insistência de sua mãe para que prestasse a prova de Direito em São Petersburgo.
Por essa época, se envolveu com os revolucionários, mas não participou de ações terroristas. Ele tentava formar um partido operário.
Prisão de Vladimir e surgimento de Lênin
Por conta das suas ideias, foi preso, em 1895, e depois enviado para a Sibéria. Durante o tempo na prisão escreveu o que se tornaria uma de suas obras mais importantes, O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia.
O pseudônimo Lênin foi usado por ele pela primeira vez ao publicar o texto Que Fazer?, em 1902.
Três anos depois, com uma revolta em São Petersburgo que reivindicava melhores condições de trabalho, reformas econômicas e fim dos privilégios absolutistas, manifestantes marcharam até o Palácio de Inverno.
Foram recebidos a bala por ordem do czar Nicolau II e milhares morreram e ficaram feridas, no que ficou conhecido como Domingo Sangrento. O episódio foi um dos pontos de partida de Lênin rumo à Revolução Russa.
A revolução de março de 1917 levou ao poder o menchevique Alexander Kerensky. No mesmo período, Lênin fez aliança com pessoas de fora dos bolcheviques, como Trotsky, que ingressou no partido e ajudou a aumentar o apoio às ideias de Lênin.
Entre a Revolução de Outubro de 1917 e a proclamação da URSS, em 1922, houve o fuzilamento da família imperial russa do Romanov, em 1918.
“Durante todos esse anos Lênin permaneceu como uma das figuras mais importantes não só do partido bolchevique mas também de toda a Rússia, embora tenha tido uma participação política mais esporádica no último ano de vida”, conta o professor.
Lênin morreu no dia 21 de janeiro de 1924, após sucessivos acidentes vasculares.
Stálin e Trotsky disputaram o poder até que o primeiro conseguiu vencer. Trotsky foi exilado no México e assassinado por ordem de Stálin anos depois.
De acordo com o historiador Eduardo Mancuso, na Carta Maior, “ao contrário do desejo expresso de Lenin, seu corpo é embalsamado e transferido para a Praça Vermelha. Mumificado e idolatrado como um semideus, derrotado por Stalin em sua derradeira vontade política, Lenin não consegue vencer o seu último combate: impedir a burocratização da primeira revolução socialista mundial.”