
Um dia depois de a Finlândia anunciar que pretende ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Suécia anunciou a mesma intenção de compor o bloco. A nova reorganização da geopolítica despertou a ira da Rússia, mas nesta sexta-feira (13), a Turquia também se posicionou contrária ao ingresso dos países nórdicos.
Foi a primeira vez que um integrante do bloco militar se posicionou contrário a entrada dos dois países. Finlândia e Suécia mantinham uma neutralidade histórica e alegam que a invasão russa à Ucrânia motivou a mudança.
A Turquia, que mantém grande proximidade com a Rússia e está na Otan desde a década de 1950, afirmou ser contra.
“Não temos uma opinião positiva. Os países escandinavos são como uma casa de hóspedes para organizações terroristas”, declarou Erdogan ao se referir aos refugiados curdos. O presidente turco afirma que eles integram o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado terrorista pela Turquia.
Finlândia e Suécia devem formalizar a candidatura na próxima semana. E a Rússia prometeu retaliações.
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Novos tempos
A ministra de Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, afirmou que a “adesão da Suécia à Otan aumentaria o limite para conflitos militares e, portanto, teria um efeito de prevenção de conflitos no norte da Europa”. A afirmação foi feita após o governo apresentar ao Parlamento do país o relatório estratégico para ingresso na aliança militar.
Se confirmada a entrada na Otan, o país colocará fim a um posicionamento de neutralidade e não alinhamento militar de quase 200 anos.
“O não alinhamento militar nos serviu bem, mas estamos em uma nova situação agora”, ressaltou Linde.
O analista político Oliver Stuenkel afirmou ao Estadão que a demanda popular também pesa na mudança histórica no posicionamento dos países nórdicos.
“Para a Finlândia e a Suécia, a adesão à Otan não era vista como necessária antes da guerra, porque a Rússia não era entendida como uma ameaça próxima. Esse cálculo mudou, e há para os dois um ganho estratégico, porque passam a não depender mais da sua própria capacidade de proteção, assumindo que as candidaturas serão aceitas, mas também traz obrigações, porque ficarão obrigados a participar da defesa conjunta do bloco”, explicou o coordenador do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da FGV-SP.
Com informações do g1 e da Folha