
O ex-presidente Lula (PT) tem melhorado seu desempenho nas redes sociais a cada e já conseguiu quebrar o propalado domínio de Jair Bolsonaro (PL) em suas raivosas redes sociais. Com estratégia, discurso conciliador e, muitas vezes, divertido, o petista já mostrou a que veio.
Levantamento da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV ECMI), a pedido da Folha, comprova por meio de métricas que o ex-presidente tem melhor engajamento que o atual ocupante do Palácio do Planalto.
Entre os dias 28 de julho e 29 de agosto, Lula superou Bolsonaro no YouTube e no TikTok, onde seu perfil criado apenas em junho. Apesar de ainda ter mais seguidores, o engajamento no discurso de ódio e mentiroso de Bolsonaro é menor do que o acumulado pelo petista. O mesmo ocorre no Twitter.
A análise feita pelo jornal mostra que o vídeo do TikTok que mais viralizou foi nos dias do comício de Lula em Minas Gerais.
“Quero ver vocês alegres, quero ver vocês trabalhando, quero ver vocês estudando, quero ver vocês amando, gostando da vida”, afirma.
Sucesso também nos que o petista reafirma que “garantir que toda criança tenha um café da manhã para tomar”, além, claro, dos já famosos vídeos de malhação ou que faz referências a artistas famosos que apoiam a sua candidatura, como o da cantora Ludmilla, os que convida para “ver o timão” ou dançar um forró.
Já Bolsonaro, segue na mesma linha batida de falta de conteúdo e raivoso de ataques à esquerda e à imprensa. De acordo com o jornal, no TikTok, apenas seis passam de 2 milhões de visualizações em agosto – sendo três recortes da entrevista que ele deu ao Jornal Nacional, da TV Globo.
O que mais circulou, a palavra ‘mentira’ é associada à jornalista Renata Vasconcellos que questionou Bolsonaro por ter imitado pessoas com falta de ar durante a pandemia. Como sempre, o atual mandatário não assume suas atitudes no mínimo desrespeitosas e ataca quem o desmente.
Mudanças de cenário
O diretor da FGV ECMI, Marco Ruediger, avalia que o crescimento e superação da campanha de Lula nas redes de vídeos dialoga com a mudança da conjuntura de 2018 para 2022. Na eleição deste ano, a economia se impõe como um tema mais urgente diante de questões morais ou religiosas, segundo ele observou à Folha.
“Tanto Lula como Bolsonaro operam no emocional, ambos são carismáticos, mas acho que as pessoas estão cansadas de agressividade o tempo todo”, analisa.
Na avaliação dele, as campanhas lançadas nas plataformas de vídeo servem para inovar na comunicação política e se aproximar das pessoas. O que serve de teste também para o conteúdo que será veiculado na TV.
“O tempo de TV é importante, mas mais importante é que a estratégia digital gire em torno da TV. É a eleição do vídeo”, pondera.
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Lula conseguiu emplacar também seus jingles de campanha. O piseiro que convida a uma dança, com “faz o L, um coração grandão e desenrola” teve 7,4 milhões de visualizações no YouTube. Já o clipe “Dois Lados, que Brasil você quer?” teve de 5,2 milhões de visualização. Além do que desmente a fake news bolsonarista de que haveria fechamento de igrejas evangélicas no governo petista.
Já Bolsonaro, não ultrapassou 500 mil visualizações no YouTube no último mês.