
A influência do neonazismo no governo do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fica mais evidente a cada dia. E o papel da extrema direita, apontado pela Rússia como uma das principais causas do conflito dentro da Ucrânia, tem sido usado como propaganda pelos diferentes lados da guerra.
“O governo de Zelensky é integrado por forças nazistas. Ele tentou humanizar as ações de grupos como o Batalhão Azov, inclusive condecorando os comandantes, porque hoje estão supostamente protegendo o povo ucraniano dos russos, como se estivessem conduzindo ações militares normais”, afirma a apresentadora de tv e radialista russo-ucraniana Lola Melnyck ao 20 Minutos Entrevista, do Opera Mundi.
Ela vive em São Paulo desde 2009 e tem dado diversas declarações sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia.
“As pessoas que não reconheceram o golpe e, depois, a eleição de Volodymyr Zelensky, eram das regiões que se identificavam com a Rússia, como Lugansk e Donetsk. São pessoas que são ucranianas, não negam o idioma ucraniano, mas historicamente falam mais russo e não querem deixar de falar russo. Essas pessoas começaram a ser exterminadas, porque Kiev queria acabar com qualquer coisa que remetesse à Rússia.”
Lola Melnyck
Melnyck avalia que as raízes do conflito estão no que ficou conhecido como “Massacre na Casa dos Sindicatos”, quando grupos neonazistas, que estavam em ascensão na Ucrânia após o Euromaidan, o levante que derrubou o governo de Viktor Yanukovych, que era pró-Rússia.
O ataque foi organizado pela milícia paramilitar neonazista Pravyy Sektor (Setor Direito, em português) e reuniu mais de mil pessoas que invadiram o prédio que era sede de organizações sindicais e do comitê regional do Partido Comunista da Ucrânia.
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“A gente sabe quem fez aquilo. E nenhum carro de bombeiro ou ambulância chegava, a polícia não vinha. As provas, depois, acabaram sumindo”, denunciou Melnyck, que é natural de Odessa.
Mais de mil militantes da extrema direita participaram do ataque, que matou 39 pessoas carbonizadas. Outras pessoas que pularam do prédio em chamas, foram mortas do lado de fora.
Parte dos manifestantes que atacaram o prédio usavam suásticas e insígnias fascistas. Estavam armados com bastões, escudos e correntes de metal.
A polícia ucraniana assistiu a tudo sem fazer nada para impedir o massacre.
Melnyck enfatiza, porém, que apesar de ser uma das alegações para o conflito, não justifica o que está acontecendo na Ucrânia.
Presença neonazista
Imagens de um militar ucraniano usando um símbolo nazista foi fotografado por Anastasia Vlasova, da Getty Images, em fevereiro, e rodaram o mundo. O soldado, que atuava no resgate de civis em Irpin, usava um sol negro sua farda.
Também conhecido como ‘Black Sun’, o sol negro estava posicionado ao lado da bandeira da Ucrânia no uniforme do militar. Também é um símbolo esotérico e ocultista.
Uma representação desse símbolo antigo se encontra incorporada em um mosaico de um piso no castelo Wewelsburg durante a era nazista.