
Um grupo de cinco pessoas da mesma família entrou no Hospital municipal Ronaldo Gazolla, unidade de referência no tratamento da Covid-19 no Rio, e provocou tumulto em alas restritas a médicos e pacientes na tarde desta sexta-feira (12).
De acordo com relatos de profissionais, uma mulher, pertencente ao grupo, muito alterada, teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir leitos de pacientes internados.
Alex Telles, médico da unidade e presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sindmed), afirmou que o grupo questionava o fato de uma parente do grupo, uma senhora, que estava bem no dia anterior, ter morrido com suspeita do coronavírus nesta sexta. O médico afirma que aquelas pessoas não deveriam ter sido autorizadas pelo hospital a subir para o andar dos doentes.
“No final da manhã, um grupo de familiares ingressou no hospital, e eles não poderiam subir até o quinto andar, já que os familiares estão sendo atendidos no térreo. É uma área só com pacientes com Covid-19, com risco biológico 3. Eles entraram de maneira muito agressiva, porque uma familiar foi a óbito e eles não aceitavam a situação, diziam que a mãe estava bem ontem (quinta-feira) e perguntavam como ela morreu hoje. Infelizmente, é uma doença que tem um curso muito rápido”, disse Telles.
Fontes disseram ao Globo que as pessoas, revoltadas, por vezes gritavam: “Mentira, mentira”.
Incentivo do presidente
O ataque acontece depois do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recomendar, em sua última live, que seus seguidores invadissem hospitais públicos e de campanha e filmassem leitos destinados à covid-19 para saber se eles estão sendo ocupados ou não.
Na última quinta-feira, o presidente pediu que as pessoas mandassem os vídeos a partir das redes sociais, sem citar os riscos sanitários do pedido.
Na mesma live, Bolsonaro criticou o desempenho do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta e o acusou de inflar dados sobre a covid-19.
“Esses números eram fictícios. Ele todo dia estava vendendo o peixe de ‘fique em casa’, ‘não saia’, ‘a curva tem que amansar’, ‘ciência, foco, foco na OMS’. Olha o vexame da OMS aí. Gosto do Mandetta como pessoa, mas ali ele deu uma escorregadinha na questão da pandemia. Deu uma inflada. Ele ficou empolgado pela Globo. Objetivo era vender o pavor”, falou.
Com informações de O Globo.