
Apesar da tendência de baixa que tem impactado negativamente o preço do Bitcoin e das demais criptomoedas, ainda assim o setor chama a atenção do mercado tradicional. Grandes bancos, tradicionais ou virtuais, e fintechs acompanham a evolução do segmento e revelam o quanto essa nova modalidade cativa o interesse dos investidores.
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Nesse sentido, instituições bancárias e fintechs brasileiras estão lançando produtos relacionados ao mercado cripto, com soluções voltadas ao investimento em ativos digitais. Confira abaixo quem no Brasil já adotou as criptomoedas.
Itaú
O Itaú Unibanco, por exemplo, lançou sua própria “tokenizadora” de ativos digitais, com o desafio declarado de liderar o segmento e de levar os ganhos de eficiência dos ativos financeiros tokenizados para financiar uma rede de mais de 4 mil empresas de diferentes portes, além de abrir uma nova gama de investimentos para os clientes pessoa física.
“Pessoa física é o grande foco para democratizar o acesso. Esse é o objetivo, dentro das regras de ‘suitability’”, disse Vanessa Fernandes, que lidera a operação no banco.
Em 26 de abril de 2021, o banco já ofereceu aos seus clientes a possibilidade de adquirir cotas do primeiro ETF de criptoativos do Brasil — ETF (Exchange Traded Fund) é um fundo de investimentos negociado na Bolsa de Valores.
Nubank
O Nubank além de disponibilizar aos clientes a alternativa de investir em criptomoedas, revelou que pretende investir parte do patrimônio da empresa em Bitcoin. Em junho, David Vélez, cofundador da instituição, afirmou que pretende aplicar 1% do caixa da companhia na moeda digital.
Segundo ele, é uma maneira de se alinhar aos correntistas do banco. Vélez explicou que esse é o jeito de mostrar convicção para os clientes. No fim de dezembro, o caixa da empresa era de R$ 13,4 bilhões, sendo assim, o valor investido deve ser algo em torno de R$ 134 mil.
A empresa ampliou para todos os clientes o serviço de investimento em Bitcoin e Ethereum no dia 18 deste mês. A opção estava disponível desde o início de maio, mas apenas para algumas pessoas. Agora, todos os usuários da fintech poderão usar a funcionalidade Nubank Cripto no app para comprar e vender Bitcoin e Ethereum.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil apresentou em março deste ano o BB Multimercado Criptoativos Full, o fundo de criptoativos do Banco do Brasil com foco em investidores qualificados. Os clientes da instituição podem aplicar a partir de R$ 1 mil.
O BB Multimercado Criptoativos Full cobra uma taxa anual de 2% sobre o patrimônio líquido do fundo pela administradora. Vale destacar que este percentual pode aumentar, caso os recursos sejam aplicados em cotas de fundos de investimento que também cobram taxa de administração.
Esse tipo de serviço oferecido pelo Banco do Brasil não se trata de negociação de criptomoedas e sim a compra de cotas de ETFs com exposição em criptoativos.
Banco Inter
Em abril desse ano surgiram os primeiros boatos que o banco Inter estaria próximo de lançar opções de negociação em criptomoedas. No entanto a empresa desde fevereiro de 2021, já disponibiliza as transações de fundos de criptoativos em sua plataforma de investimentos.
A instituição em parceria a corretora Vitreo permite o acesso dos seus mais de 9 milhões de clientes ao mercado de criptomoedas.
A parceria permite duas modalidades principais de investimentos: o CriptoMoedas, liberado apenas para investidores qualificados, e o Cripto Metals Blend, para o público mais amplo. O sistema de investimento do banco Inter não se refere a negociação de compra e venda de criptomoedas, mas a negociação de ETFs.
Bradesco
Já o Bradesco comprou há dois anos a fintech 4ward, de blockchain as a service (BaaS), por meio da carteira digital Bitz. A startup faz back-office de pagamentos, conciliação de operações, análise de risco e até tokenização de ativos. Procurado, o Bradesco respondeu laconicamente sobre suas iniciativas em tokenização: “Está em processo de avaliação”.
BTG Pactual
O BTG foi a primeira grande instituição financeira do país a ter sua própria plataforma de negociação de criptomoedas. Em setembro de 2021, a organização anunciou o lançamento da Mynt. A instituição também tem um fundo de investimento próprio com foco em Ethereum e outros dois em Bitcoin.
A instituição já revelou que seu interesse por criptomoedas vem desde 2017. Foi justamente nesse ano que as pesquisas por moedas digitais cresceu em todo o mundo. Por aqui, segundo o banco, parte dos clientes quiseram entender melhor esse novo investimento. A demanda por parte dos usuários estimulou a organização a estudar a tecnologia e o mercado cripto.
A Mynt ainda não está em funcionamento, o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, anunciou que o banco lançará daqui dois meses, sua exchange de Bitcoin e criptomoedas.
PagBank
O banco digital em parceria com a Hashdex dará acesso a investimentos com criptomoedas. Através da PagInvest, a plataforma digital dedicada a investimento da organização, os usuários poderão investir, a partir de R$ 500.
As taxas são de 1% ao ano, sob o valor total investido. A plataforma funcionará de maneira semelhante às corretoras de criptomoedas. Contudo, os saques são liberados respeitando um prazo de sete dias úteis.
A plataforma investe em criptomoedas através do fundo Hashdex que oferece cotas em moedas digitais, que correspondem a apenas 20% de suas aplicações. O restante do patrimônio é destinado também a títulos públicos que acompanham o CDI.
Congresso discute regras para mercado de criptomoedas
Os últimos meses não têm sido fáceis para o mercado de criptomoedas. Entre quedas históricas em ativos famosos como o bitcoin, o colapso de promessas como a TerraUSD e esquemas de fraude, o Congresso vem discutindo uma proposta de regulamentação que estabelece regras de funcionamento do mercado e de proteção dos clientes.
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Para parte do mercado de criptomoedas, quanto antes os deputados aprovarem esse projeto, melhor. Julien Dutra, diretor de Relações Governamentais do Mercado Bitcoin, ressalta que o ideal seria que a aprovação ocorresse ainda neste semestre, antes que o período eleitoral ocupe a agenda dos parlamentares. Se ficar para depois, poderia ser prejudicial.
“Se não acontecer de aprovar isso agora e ficar só pro ano que vem ou para novembro, a gente pode causar cada vez mais algo temerário para o mercado em termos de risco sistêmico em competição, proteção ao consumidor e prevenção à lavagem de dinheiro”, disse.
Na visão de Daniel Mangabeira, diretor de Relações Institucionais para América Latina da Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, a regulação do mercado é muito bem-vinda, mas não há uma avaliação sobre o tempo de aprovação do Congresso.
“Para a Binance seria importante ter regulação, a gente gostaria de ver uma indústria que tivesse mais condições de trazer segurança para as pessoas, para os investidores, para todas as transações relacionadas a cripto”, apontou.
O texto original foi apresentado ainda em 2015 pelo deputado Áureo (Solidariedade), mas só foi aprovado na Câmara em dezembro do ano passado. Em abril deste ano, o Senado fez algumas modificações no texto, que voltou para nova deliberação pelos deputados.
Entre as principais propostas do texto aprovado pelo Senado, está a definição do que é um ativo virtual, obrigação de autorização para a empresa funcionar no Brasil e a previsão de que o governo deverá estabelecer quais ativos serão regulados ou não.
Com informações do Valor