
O presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), Márcio França, participou do programa Em Ponto, da Globo News, nesta segunda-feira (7). Durante a entrevista, o socialista comentou sobre a expectativa da futura gestão de Lula (PT) como presidente da República.
Quando perguntado sobre a indicação de nomes que ocuparão os ministérios do governo petista, França afirma que “ainda demorara alguns dias” para a definição. “Primeiro se forma essa comissão de transição, para saber detalhes dos orçamento. Até porque o ministério que vai surgir é diferente do que já existe. Então é possível que isso vá levar alguns dias. Talvez 15, 20 dias para que possa redividir as pastas”, declarou.
França assegura, também, tranquilidade no processo e afirma que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), irá cooperar. “Não se deve esperar no Congresso nenhum problema a isso. O presidente Lira já disse que está à disposição para provar as coisas. Cada partido deve, neste instante, dar os nomes para uma coordenação política e que vão ocupar aqueles cargos”.
O socialista também explicou sobre a coordenação política que irá atuar na fase transitória do governo de Jair Bolsonaro para o governo Lula — chamada de governo de transição —, e que os partidos que compõem a frente ampla indicaram nomes para participar do processo. O PSB indicou os nomes do vice-presidente eleito Geraldo Alckimin, do presidente nacional da legenda Carlos Siqueira, o prefeito do Recife João Campos e de Márcio França.
PEC de transição
O futuro governo de Lula e Alckmin busca alternativas para reverter a situação orçamentária precária deixada por Bolsonaro e garantir o pagamento de benefícios a população, como o Auxílio Brasil. Uma das medidas defendidas é a PEC de Transição.
A Proposta de Emenda à Constituição foi anunciada por Geraldo Alckmin para abrir espaço no Orçamento e garantir, por exemplo, a manutenção do antigo Bolsa Família em R$ 600.
Para Márcio França, não haverá grande atravessamentos na aprovação do texto e defende a necessidade da proposta para o início da gestão petista. “Eu não vejo nenhuma dificuldade em aprovar a PEC, até porque a PEC é necessária para que você tenha um início do ano um pouco mais vínculado às políticas que foram prometidas em campanha.
“Daqui até a posse, a maioria da Câmara dos Deputados é formada pelo Centrão. E durante esse período, se você quer que alguma coisa seja aprovada, você terá que conversar com os líderes do Centrão […] Mas nada que o presidente Lula não consiga acomodar”, disse.
Resistência ao governo
O ex-governador de São Paulo acredita, também, que o governo de Lula e Alckmin passará por algumas resistências iniciais, grande parte devido ao legado de polarização deixado pelo atual presidente. Contudo, o estranhamento deve diminuir após a indicação de nomes fortes para a área econômica, como o extinto Ministério da Fazenda e o Banco Central, e setores ligados ao bolsonarismo, como o agronegócio.
Quando questionado sobre a fidelidade de Arthur Lira ao futuro presidente da República, após a grande dedicação do deputado a Jair Bolsonaro, Márcio França responde: “Se a Câmara conseguiu criar uma aliança leal com Bolsonaro, consegue com qualquer um […] Eu tenho certeza que ambos [Arthur Lira e Ciro Nogueira, presidente do PP], que já tiveram com Lula também, não terão dificuldades de ter convívio”.
Também foi perguntado para o socialista sobre o progresso do diálogo do PT com os partidos de centro e direita, como o PL e o Republicanos, aliados fisiológicos do atual presidente. “Quando ele [Lula] fez o convite ao Alckmin para ser vice, ele quis dizer que não conseguiria vencer sozinho e precisava de mais partidos. E o primeiro foi o nosso, o PSB. Depois, foi com Simone Tebet. Mas o que você tem que compreender é que a proporção é ao contrário: normalmente é os parlamentares ou partidos que procuram os líderes dos outros partidos, afirmando que não querem ser oposição”, declarou.
França afirma que diversos grupos de políticos bolsonaristas já declaram intenção de se unir ao governo Lula no próximo ano.
“Nós teremos um governo que será para todos os brasileiros, seja de centro, de direita ou de esquerda. É assim que a gente quer que as pessoas enxergem o governo: como um representante de todos os brasileiros”, finalizou.