AGU recorre ao mandado de 72h para a entrega de exames e governo pretende dizer que só grava parte das reuniões ministeriais, como a citada por Moro.

A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), de obrigar o governo a entregar a gravação da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, caso não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal.
O órgão alegou que o vídeo em questão pode conter “assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”. O argumento, no entanto, contraria declaração do próprio presidente, que chegou a afirmar que divulgaria o vídeo.
Moro citou a reunião em seu depoimento, no último sábado (2), como prova de que Bolsonaro queria interferir no trabalho da Polícia Federal. O ex-juiz disse que, no encontro, o presidente também teria manifestado o desejo de trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro, o que se concretizou após a saída de Maurício Valeixo da chefia da Polícia Federal.
Na terça-feira (5) dessa semana, o ministro Celso de Mello, do STF, relator do inquérito que investiga as acusações de Moro, deu 72 horas para o Palácio do Planalto entregar uma cópia dos “registros audiovisuais” da reunião ocorrida em 22 de abril. A ordem do decano também obriga o governo a preservar a integridade do conteúdo da gravação.
Fugindo da responsabilidade
Citado pelo site Antagonista como o responsável por ter formatado o cartão de memória da reunião do dia 22, o chefe da assessoria especial da Presidência, Célio Faria Júnior, negou ao Estadão que tenha ficado com a gravação. “Não é da minha competência gravar, manter, ou trabalhar qualquer tipo de mídia na Presidência da República. Essa competência é da Secom (Secretaria Especial de Comunicação) “, disse.
Questionada sobre a existência do vídeo e protocolos sobre gravação e armazenamento das reuniões ministeriais, a Secom informou apenas que “o Planalto não comentará”.
Com informações da Folha de S. Paulo e do Estadão.