
Todo o esforço para a produção de seringas e agulhas para a vacinação contra a Covid-19 pode não ser suficiente para garantir a imunização dos brasileiros. Isso porque o Ministério da Saúde restringiu a vacinação a apenas um modelo de seringa: a de 3 ml com o chamado “bico de rosca”, limitando a produção nacional a 1,5 milhão por dia.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, com a limitação, a indústria pode não dar conta da demanda a tempo da chegada das doses em todos os estados. Para se atingir uma imunização segura da população é necessário para a aplicação das duas doses da vacina em pelo menos 70% dos brasileiros.
“Quando o ministério escolhe apenas um modelo de seringa assim, em cima da hora, ele limita toda a capacidade de produção das empresas, porque as linhas de produção levam até um ano para serem adaptadas para um novo molde. Vai acontecer isso, de alguns estados terem seringa de 3 ml e outros não para a vacina”, afirma o o diretor-técnico da fábrica Saldanha Rodrigues, Tomé da Silva.
Para se ter uma ideia do impacto, nas duas fábricas da Saldanha Rodrigues, em Manaus e Pedro Juan Cababallero, no Paraguai, a capacidade de produção é de 3,5 milhões de seringas por dia, de todos os modelos.
Considerando apenas o modelo de 3 ml especificado pelo ministério, cai para 500 mil por dia. Já somando os quatro modelos usados pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) em vacinações anteriores, passa para 2 milhões por dia.
Tomé afirma ainda que a produção diária do país poderia ser de 6 milhões de seringas por dia, caso a especificação técnica incluísse os modelos de 0,5 ml, 1 ml, 3 ml e 5 ml.
“Isso ampliaria a produção para cerca de 100 milhões por mês. Em questão de três meses resolveríamos a demanda do país todo. Isso vai acelerar o processo de vacinação e evitar que haja um desabastecimento nos estados”, sugeriu.
Segundo o diretor e presidente da SR, Luiz Antonio Saldanha Rodrigues, 74, as medidas adotadas pelo governo federal para adquirir os insumos- que vão de restrições à exportação à requisição administrativa de 30 milhões de seringas e agulhas das indústrias brasileiras – são desnecessárias.
“É [uma medida] inócua. É uma precaução do governo, mas a verdade é que não falta seringa no mercado. E as fábricas estão preparadas para suprir o aumento da demanda, mesmo porque ninguém vai tomar 300 milhões de doses num dia”, justificou, ao lembrar que o calendário de vacinação do ministério se estende até 2022.
Com informações da Folha de S. Paulo