
Mesmo após ser reprovado por consultoria independente, Rodrigo Limp foi o indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para ocupar a presidência da Eletrobras. Atual secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), ele teve seu nome cortado da lista de possíveis candidatos por não possuir a experiência necessária.
Leia também: Oposição recorre ao STF para barrar MP que privatiza Eletrobras
De acordo com o Fato Relevante divulgado pela companhia, Limp irá ocupar uma vaga no colegiado da Eletrobras para, posteriormente, ser nomeado presidente pelos demais conselheiros. O documento, assinado pela diretora Financeira e de Relações com Investidores, Elvira Cavalcanti Presta, reconhece que o indicado de Bolsonaro não foi considerado apto pelos especialistas em governança, porém, apresenta argumentos para justificar a escolha.
“Não obstante, ele foi avaliado e recomendado pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração, entrevistado e aprovado, por maioria, pelo Conselho de Administração, e atende aos requisitos legais e de qualificação técnica necessários para o cargo”, afirma o comunicado.
Quebra de confiança
Logo após o Conselho de Administração definir o nome de Limp como novo CEO da empresa, Mauro Gentile Cunha, um dos membros de seu conselho de administração, anunciou sua retirada do colegiado da estatal devido, segundo ele, a discordâncias existentes em relação ao processo de nomeação de Rodrigo Limp. Cunha também fazia parte do comitê de auditoria e risco estatutário da empresa tendo sido nomeado para o cargo também pelo atual Governo Federal.
Leia também: Banqueiro e colecionador de arte declara decepção com Bolsonaro
Em carta aberta divulgada na noite da quarta-feira (24), Cunha afirmou que “houve quebra irremediável de confiança no processo de governança deste conselho”.
Leia também: Estudo aponta que classe média no Brasil não cresce há 40 anos
“O Conselho de Administração da Eletrobras decidiu, contra o meu voto, acatar a indicação do acionista controlador para o cargo de presidente da Eletrobras. Tal decisão desviou do processo sucessório com o qual este conselho se comprometeu”, disse ele.
O ex-conselheiro, que foi indicado recentemente por acionistas da empresa Vale para compor o Conselho de Administração da mineradora, finalizou o texto desejando mudanças à empresa. “Faço votos para que as sementes de governança plantadas persistam e voltem a florescer, levando a Eletrobras a novos voos para cumprir seu propósito de dar energia para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade”, afirmou.