Durante reunião do Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o uso de doações seria uma forma de não impactar as contas brasileiras

Com restrições orçamentárias e a crise na imagem brasileira por conta do aumento do desmatamento, o governo estuda repassar doações recebidas pelo Brasil para as ações na Amazônia, de uma forma segregada do orçamento. A declaração foi feita pelo vice-presidente Hamilton Mourão durante reunião do Conselho da Amazônia.
Segundo o VP, o uso de doações seria uma forma de não impactar as contas brasileiras, que já vão terminar o ano com um “déficit fiscal um tanto quanto elevado”. Porém, Mourão ressaltou que há indicadores que mostram recuperação da economia e que o resultado pode não ser “tão negativo quanto estávamos esperando”.
“Vamos terminar o ano com um déficit fiscal um tanto quanto elevado, muito acima daquilo que prevíamos. Mas, por outro lado, sabemos da pujança do nosso país, da capacidade de recuperação que nós temos, e os indicadores estão pouco a pouco demonstrando nossa recuperação. Podem apresentar ao chegar o final do ano um resultado não tão negativo quanto estávamos esperando”, afirmou o vice.
O próprio governo reconhece que enfrenta dificuldades para combater o desmatamento e as queimadas, por conta do sucateamento e redução de pessoal dos órgãos que combatem essas ações. No entanto, reage de maneira questionável em relação a transparência dos dados.
Na sexta-feira da semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) divulgou dados que mostram mais um mês de alta no desmatamento em relação ao ano anterior, o 14° seguido, o que aparenta ter resultado na exoneração de Lúbia Vinhas, coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe, estrutura responsável pelos sistema de monitoramento na Amazônia.
O governo, no entanto, negou que a saída de Vinhas tivesse relação com a divulgação dos dados e afirmou que a mudança fazia parte de uma reestruturação do instituto, anunciada um dia depois.
Orçamento exclusivo
Questionado sobre a possibilidade de um orçamento exclusivo para o combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia, o vice-presidente afirmou que o assunto foi discutido entre os ministros.
“Esse assunto foi discutido entre os ministros, obviamente assunto afeto à área do Ministério da Economia, do ministro Paulo Guedes. E a equipe dele irá estudar alguma forma de doações que nós recebamos possam ser colocadas dentro da área orçamentária, sem um impacto maior”, afirmou durante reunião do Conselho da Amazônia.
Apesar da proibição de concursos públicos, Mourão também afirmou que os ministérios envolvidos na preservação da Amazônia vão produzir estudos sobre suas necessidades de pessoal para serem repassados para a área econômica.
Com informações da Folha de S. Paulo.