
Por Marcelo Hailer
Com a iminência da realização de uma greve nacional dos caminhoneiros, o governo Bolsonaro despejou ações judiciais em vários estados brasileiros na tentativa de inviabilizar a paralisação.
Por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), o governo já entrou com 36 ações judiciais para garantir a livre circulação de pessoas e cargas nos estados.
Das 35 ações judiciais, 24 são liminares deferidas que proíbem qualquer obstrução. Houve decisões favoráveis nos seguintes estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraná, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Maranhão e Tocantins.
Nas decisões judiciais favoráveis ao governo Federal, foram estipuladas multas que vão de R$ 10 mil a R$ 100 mil.
A paralisação dos caminhoneiros está marcada para esta segunda-feira (1).
Caminhoneiros afirmam que greve vai acontecer
A greve dos caminhoneiros, que protestam contra as excessivas altas no preço do diesel, vai “parar o Brasil”. Ao menos é o que garante Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
Nesta sexta-feira (29), Neto se reuniu com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de São Paulo (FTTRESP). Também estiveram presentes no encontro Nailton Francisco de Souza, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), e o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.
“Acabamos agora uma reunião com lideranças de caminhoneiros e transportadores. A greve vai acontecer. À zero hora 1º de novembro o Brasil vai começar a parar. Todos os caminhoneiros, os trabalhadores. estamos apoiando essa greve. Não é possível mais esse acinte. Excessos de aumentos, revolta de todos os brasileiros com aumento no gás, na gasolina, no diesel, e 31 milhões de lucros distribuídos pra poucos acionistas”, disse Neto.
“Por isso vai ter greve, sim. E nós vamos apoiar. Essa greve não é só dos caminhoneiros, é do povo brasileiro. É você que tem carro, que tem que comprar gás e não tá conseguindo, a energia elétrica também vai disparar. Precisamos dar um jeito nisso”, completou o sindicalista.
“Bolsonaro vai ter que procurar outro para culpar”
Às vésperas da greve dos caminhoneiros, marcada para esta segunda-feira (1º), o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou o congelamento do valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado nas vendas de combustíveis por 90 dias.
O objetivo é tentar controlar o aumento dos preços, já que neste ano a gasolina acumula alta de 74% e o diesel de 65%. Lideranças da categoria, no entanto, afirmam que a medida é “paliativa” e que a paralisação deve ser mantida.
“A situação do congelamento é que nem aquela paliativa que ele [Jair Bolsonaro] arrumou para tirar dois meses de imposto federal. Depois de dois meses volta tudo ao normal e não resolveu o problema. Nós queremos uma solução definitiva, e não paliativa”, afirma à Fórum José Roberto Stringasci, da Associação Nacional de Transportadores do Brasil.
Presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, diz que o presidente Jair Bolsonaro vai precisar encontrar “outra pessoa para culpar”.
Para justificar os aumentos da gasolina, até o momento ele colocava a responsabilidade em cima dos governadores, informando que a alta se deve ao ICMS.
“Eu vejo que o presidente vai ter que procurar outro para culpar. Esse é um projeto do consórcio dos governadores, que estava em estudo, mas nesse exato momento não refresca nada nos preços. Os governadores estão fazendo a parte deles e agora o governo federal vai ter que fazer a parte dele”, cobra Chorão.