
Os governadores socialistas do Espírito Santo, Renato Casagrande, e de Pernambuco, Paulo Câmara, assinaram junto com outros 20 governadores, uma carta ao presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, em que demonstram compromisso com o enfrentamento da crise climática.
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O texto preliminar diz que uma parceria entre o Brasil, país com a maior base florestal do planeta, e os EUA, com a maior capacidade de investimento do mundo, pode impulsionar um modelo de economia sustentável para enfrentar o aquecimento global e reduzir a pobreza.
US$ 20 bilhões contra a crise climática
O movimento do grupo busca se qualificar para os investimentos de US$ 20 bilhões, em recursos públicos e privados, dos EUA e de outros países, que o presidente estadunidense prometeu mobilizar durante a campanha para os países da bacia amazônica.
O protagonismo dos governadores ocorre em um momento em que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) tenta negociar com o governo Biden um acordo para proteger a Amazônia. Com a iniciativa, os Estados também se posicionam.
Governadores pelo Clima
Um dos articuladores da carta e cofundador do movimento Governadores pelo Clima, Casagrande explica que o objetivo não é rivalizar com o governo federal, mas somar esforços. Ele lembra que os líderes estaduais têm responsabilidades no cumprimento do Acordo de Paris. Engenheiro florestal, Casagrande é dedicado ao tema e reconhecido pelo perfil diplomático.
O governador do Espírito Santo afirma que o uso de mecanismos já disponíveis nos Estados para aplicação segura dos recursos internacionais nos fundos estaduais, integração com iniciativas não governamentais e novos arranjos institucionais, em relação direta com os doadores e investidores, “diminui a burocracia”.
“Não queremos tirar o protagonismo do governo. Queremos que ele mude de posição e se interesse mais pelo tema. Queremos puxar o protagonismo desse assunto para o Brasil. Nossa imagem está muito arranhada internacionalmente porque não houve preocupação com o tema.”
Renato Casagrande
Descarbonização do planeta
O texto foi elaborado por especialistas do Centro Brasil no Clima (CBC) com a participação de outras entidades da sociedade civil e cientistas que colaboram com a aliança Governadores pelo Clima. “Juntos podemos construir com agilidade a maior economia de descarbonização do planeta”, diz a carta.
Para cumprir o Acordo de Paris, e limitar o aumento da temperatura a 1,5°C até o fim do século, o mundo terá que reflorestar uma área do tamanho dos Estados Unidos, diz a carta, que está sendo finalizada.
O Brasil pode participar deste esforço com ações para conter o desmatamento e reflorestar a Floresta Amazônia, além de recuperar “biomas de grande captura de carbono, inestimável biodiversidade e relevância econômica” como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal. Só o Pantanal, por exemplo, perdeu mais de 4 milhões de hectares com os dramáticos incêndios de 2020.
O texto diz que os governadores buscam parcerias para “impulsionar o equilíbrio climático, a redução de desigualdades, a regeneração ambiental, o desenvolvimento de cadeias econômicas verdes e o estímulo à adoção de tecnologias para reduzir as emissões de atividades econômicas tradicionais nas Américas”.
Os governadores dizem ainda buscar no esforço conjunto “a construção de um modelo civilizatório mais saudável e resiliente a pandemias”.
Com informações do Valor Econômico