
Por Marcelo Hailer
Os advogados do Google, em disputa na Justiça com o youtuber bolsonarista Allan dos Santos, do canal Terça Livre, afirmaram que o militante de extrema direita “glamouriza a violência e tem comportamento tóxico e desleal na internet”.
“O que se tem é um caso fácil: um usuário que opta deliberadamente por descumprir as regras aceitas por todos, adota comportamento desleal, omite informações e tenta manipular a narrativa para prosseguir em seu comportamento tóxico”, afirma a defesa do Google no processo, segundo a Folha.
Em outra parte do processo, a defesa do Google afirma que a “preservação desse espaço depende da vedação de determinados conteúdos e condutas, sob pena de a plataforma ficar sujeita à toda de comportamento tóxico de usuários mal-intencionado”.
A defesa de Allan dos Santos usam como argumento em prol de seu cliente que há grandes tensões entre as grandes empresas de comunicação e Trump, que estaria sendo alvo de perseguição por parte da plataforma digital.
Com deboche, a defesa do Google responde “que vale notar que a presente demanda não envolve – e nem poderia – nenhum tipo de discussão sobre medidas tomadas pelo ex-presidente Trump e não se tem notícia de que o apelante possua procuração para falar em seu nome”.
Por fim, afirmam que “nenhuma dessas opiniões do apelante muda o fato, incontroverso e confessado nos autos, de que ele optou deliberadamente por burlar as regras objetivas da plataforma. A apelada tem certeza de que invocar determinada ideologia não pode ser suficiente para dar ao apelante um salvo conduto para a má-fé contratual”.
Canais da extrema direita faturam R$ 15 mi por ano
Desde que o corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Felipe Salomão decidiu suspender a monetização de canais bolsonaristas, veio à tona o quanto em dinheiro é movimentado por esses grupos.
No YouTube, os 14 canais atingidos pela medida do TSE podem faturar, no ano, cerca de R$ 15 milhões. A estimativa é feita com dados da Social Blade, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Uma das justificativas do ministro Salomão é que os canais enquadrados em sua decisão produzem conteúdo “ofensivo à democracia e ao sistema eleitoral”.
No inquérito que corre paralelamente no Supremo Tribunal Federal (STF), dos atos antidemocráticos, a Procuradoria-Geral da República estimou o lucro desses canais em US$ 1,1 milhão. Mas, estes canais são distintos daqueles que foram atingidos pela Corte Eleitoral e a receita considerada data de junho de 2018 a maio de 2020.
Os 14 canais da extrema direita juntos somam 10,1 milhões de seguidores. É quase o triplo dos 3,5 milhões de inscritos no canal oficial do presidente Jair Bolsonaro, que tem 3,5 milhões de inscritos.
O YouTube ainda analisa a determinação do TSE. Por conta disso, as receitas ainda não estão suspensas.
Segundo informações do Estadão, representantes do Youtube, em reunião realizada nesta quinta-feira (19) se mostraram dispostos a acolher a determinações da Justiça e colaborar em providências futuras.
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