
Filha do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio Noronha, a advogada Anna Carolina Noronha afirmou que o pai defendeu a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), por manifestantes, em 2016, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Diálogos no celular do de um empresário amigo da advogada foram encontrados pelo Ministério Público Federal (MPF).
O diálogo mantido pela advogada com o empresário Marconny Faria, investigado pelo MPF por suspeita de fraudes em licitações no Pará, estavam em conversas de WhatsApp. O celular do empresário foi apreendido nessas investigações. As informações são do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Na conversa, Anna Carolina afirma que o pai teria defendido a invasão do STF por manifestantes como forma de fazer pressão contra os ministros da Corte por estar indignado com a possível indicação do ex-presidente Lula (PT) para a Casa Civil. À época, a oposição acusou o PT de querer blindar Lula contra as ações do então juiz Sérgio Moro, mais tarde considerado parcial na Operação Lava Jato pelo STF.
Ela se referiu às manifestações que reuniram cerca de 5 mil manifestantes e quase houve a invasão da rampa do Congresso, impedida pela polícia.
De acordo com o jornalista, no diálogo, de 16 de março de 2016, Anna Carolina Noronha afirmou que o pai considerava o STF “corrompido” e seus ministros “comprados”.
“O meu Pai falou w (que) os manifestantes deviam sim ter invadido. O palácio. O srf (STF). Pq não há mais instituição. O stf tá corrompido”, escreveu a advogada.
O empresário afirmou que “não podemos fazer isso. Senão perdemos a ordem”.
Ao que a advogada rebateu: “podemos sim. O stf foi corrompido. Por completo. Tão querendo ferrar o Moro”.
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Para o empresário, Noronha, seria indicado ao STF e, depois, levaria Moro para o Supremo.
“Vamos fazer várias ações. Não vai conseguir ferrar o Moro. Vai ser o próximo min (ministro) do STF depois do seu pai”, afirmou sem maiores detalhes.
Ao que a advogada novamente fala do pai ministro.
“Meu pai disse que acorre (a corte) tá toda corrompida. Eles precisam ser pressionados. Tão querendo anular as interceptações. Marco Aurélio (então ministro do Supremo) saiu no jornal defendendo o Lula. Agora (há) pouco. Eles têm maioria”.
Ela chegou a adiantar ao empresário o discurso que o pai faria na abertura da sessão do STJ contra Lula. Conversa entre Lula e Dilma, interceptadas e divulgadas ilegalmente por ordem de Moro, mostraram que Lula havia dito que o STJ e o STF estariam “acovardados” diante dos desmandos do então juiz.
João Otávio Noronha negou ter feito as afirmações antidemocráticas. A filha dele disse não se recordar do diálogo e disse que suas conversas privadas não refletem a opinião do ministro.