A maior apreensão é com a onda de manifestos de militares da reserva a favor de Bolsonaro e contra o Judiciário e o Congresso

As Forças Armadas observam o seu discurso de distanciamento da política ser enfraquecido na gestão Bolsonaro com o aumento de cargos ocupados por militares na ativa. Entre esses militares estão os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Saúde, Eduardo Pazuello.
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Recentemente, Ramos disse que pretende aposentar a farda para se dedicar à articulação política do governo, mas em suas redes sociais questionou as criticas feitas aos militares na ativa que ocupam cargos políticos.
Segundo a reportagem de Tânia Monteiro ao Estadão, há incômodo, na Marinha e na Aeronáutica, com a nomeação do pessoal da ativa para trabalhar no Planalto e na Esplanada, e com a tentativa de Bolsonaro de colar sua imagem à das Forças Armadas.
Em fevereiro, o presidente convocou o almirante Flávio Rocha para assumir uma assessoria especial no seu gabinete e executar várias tarefas para solucionar problemas políticos. A presença do oficial preocupa a Marinha, já que Rocha será visto como representante da instituição, mesmo afastado do cargo na Força Aérea Brasileira (FAB).
Manifestos militares
A maior apreensão das Forças Armadas é com uma onda de manifestos de militares da reserva a favor de Bolsonaro e contra o Judiciário e o Congresso. O último saiu no dia 18 de junho e contava com 243 militares da reserva, a maioria da FAB, aí incluídos seis tenentes brigadeiros, ex-integrantes do Alto Comando da Aeronáutica.
O manifesto intitulado “504 Guardiões da Nação” é aberto e possui tom absolutamente descolado dos princípios de um Estado democrático de direito, pois os seus signatários ao apresentar-se como militares e civis avocam a condição de “[…] representantes da sociedade brasileira, verdadeiros destinatários e guardiões da Constituição Federal […]”.
Porém, os militares mais conhecidos e barulhentos do País, que fazem postagens com ameaças veladas às instituições, estão na reserva ou não têm tropas.
A lista dos oficiais da caserna com real poder de mando, por outro lado, inclui nomes desconhecidos, distanciados do debate político. São os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e os comandantes do Exército em oito regiões militares.