
Após uma corrida eleitoral bastante disputada, o economista Gustavo Petro foi eleito presidente da Colômbia neste domingo (19). Petro, que participou de movimentos guerrilheiros nos anos 1980 e se consolidou como a principal liderança progressista do país nos últimos anos, será o primeiro presidente de esquerda da história do país.
Segundo dados da contagem rápida do Cartório Nacional Eleitoral, a chapa formada por Petro e Francia Márquez conquistou 50,69% dos votos com 94,57% apurado. Hernández teve 47,05%.
“Foi um êxito para a democracia colombiana e para o poder eleitoral”, disse o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega Rocha. O novo presidente tomará posse no dia 7 de agosto.
Petro foi o candidato mais votado no primeiro turno, com pouco mais de 40% dos votos, mas teve que travar uma dura disputa com Hernández. O candidato direitista tentou se pintar como um outsider antissistema, embolando a disputa.
A vitória de Gustavo Petro é o principal fruto da jornada de mobilizações que sacudiu o país nos últimos anos. Depois de quase vinte anos governada pela extrema-direita através do uribismo, a Colômbia elegeu o primeiro presidente de esquerda de sua história.
Francia Márques é a 1ª vice-presidente negra da Colômbia
A advogada e ativista ambiental Francia Márquez é a primeira mulher negra a ocupar o cargo de vice-presidente da Colômbia. Durante o pleito, Francia convocou pelo Twitter todo povo colombiano para votar.
Em 2018, Francia Márquez ganhou o Prêmio Goldman, conhecido como o “Nobel do Meio Ambiente”, por sua luta ambiental na região. Também foi representante legal do Conselho Comunitário de La Toma, entidade que exige a proteção dos territórios ancestrais negros da Colômbia. No ano seguinte, em 2019, a advogada foi alvo de um atentado com granadas e rajadas de fuzil em represália à sua militância.
Formada pela Universidade Santiago de Cali, Márquez trabalhou na adolescência como garimpeira na mineração de ouro — assim como seus pais. Depois, exerceu o ofício de trabalhadora doméstica para pagar seus estudos e sustentar sua família. Ela é mãe solo e tem dois filhos —teve o primeiro aos 16 anos.
Durante toda a campanha eleitoral, Francia Márquez permaneceu como a revelação política na Colômbia e assumiu um papel importante na reta final das eleições.
Em discursos durante a campanha, Márquez afirmou que vai trabalhar pelas mulheres, negros, indígenas, camponeses e pela população LGBTQIA+.
Denúncia de fraudes e mortes na Colômbia
Após votar em Bogotá, Petro pediu uma “votação maciça” para “derrotar qualquer tentativa de fraude” neste domingo. O candidato de esquerda denunciou que em “áreas de alta votação” para o Pacto Histórico “foram entregues cédulas previamente marcadas com um ponto” em uma “tentativa sistemática de anulação de votos”.
Além de Petro, o senador Iván Cepeda, reeleito pelo pela coalizão, garantiu ainda ter recebido provas de que “em algumas partes do país” onde obtiveram a maioria dos votos no primeiro turno, as cédulas teriam linhas, pontos ou riscas no quadro voto em branco.
Cepeda ressaltou em seu perfil no Twitter que era importante na hora de votar garantir que a cédula não continha nenhuma marca.
Em resposta, o Registro Nacional informou que a mensagem era “falsa”. “Informamos ao público que o cartão eleitoral para o segundo turno presidencial, que será entregue pelos júris de votação no domingo, não possui nenhum tipo de rasura ou marca”.
Em 29 de maio, no primeiro turno das eleições, Petro recebeu um total de 8.527.768 votos, equivalente a 40,32% dos votos, enquanto Hernández obteve 5.953.209 (28,15%).
A Missão de Observação Eleitoral afirmou que houve dois incidentes significativos. Na cidade de San Vicente del Caguán houve troca de tiros entre um grupo guerrilheiro e o exército (um soldado morreu). Além disso, um fiscal do partido Pacto Histórico, de esquerda, foi assassinado pela manhã na cidade de Guapi.
Por Lucas Rocha e com informações do Brasil 247