
O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, será o mais jovem a tomar posse no cargo no país. O alto escalão do governo será formado por maioria de mulheres e de jovens, com média de 35 anos. Ciente dos desafios que sua gestão terá, ele afirma que a prioridade no campo da economia é consolidar a recuperação econômica do Chile de maneira “justa”.
Na primeira entrevista concedida a um veículo estrangeiro após ser eleito, a BBC, ele defende a redução das desigualdades sociais. Para isso, pretende convencer a sociedade de atuar em conjunto para que o país avance. Como em outros setores do governo, ele defende “desconcentrar” também o poder econômico.
“[Para] que não sejam reproduzidas as desigualdades anteriores. E isso implica dar maiores ferramentas às pequenas empresas para que haja uma desconcentração do mercado”, afirma o presidente eleito do Chile.
De acordo com ele, 87% das vendas no Chile estão concentradas em grandes empresas e apenas 13% em pequenas e médias empresas.
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“Essa é a pedra angular da desigualdade em nosso país. Temos que alcançar a combinação entre crescimento e redistribuição. Uma distribuição mais justa da riqueza. Um não é sustentável sem o outro. Todos cresceram, é verdade, mas alguns muito mais do que outros e isso ampliou a fratura da sociedade chilena”, afirma.
Pacto Tributário de Boric
O presidente eleito do Chile também propõe um “pacto tributário” ao invés de uma reforma. Ele ressalta a necessidade de que as forças produtivas do país concordem que “é necessária uma melhor redistribuição de riqueza para crescer”.
“Queremos que todas as forças produtivas do país concordem que. E que também seja sustentável em relação ao meio ambiente, e, para isso, esperamos convocar trabalhadores organizados, pequenas e médias empresas e grandes empresários”
Gabriel Boric
Gabriel Boric herdará um país com uma das maiores taxas de inflação das últimas décadas e um déficit relevante.
“Temos o compromisso de respeitar o orçamento aprovado pelo Congresso, que tem redução de 22% nos gastos, e também de avançar em nossas reformas na medida em que estamos garantindo receita permanente para o que é considerado gasto permanente. E essa é uma linha da qual não podemos nos desviar. Não pode haver atalhos irresponsáveis. Estou confiante de que a população vai entender”, prevê.
Bem-estar social
Quando questionado sobre o quão complexo é instalar um Estado de bem-estar social em um país que não tem os padrões econômicos ou sociais dos ‘modelos social-democratas mais bem sucedidos’, Boric observa que os desafios são diferentes.
“No caso dos países europeus, não apenas os nórdicos, eles decidiram criar Estados de bem-estar que garantissem direitos sociais universais quando tinham um PIB per capita semelhante ou inferior ao do Chile hoje. Espero que concordemos como sociedade, no sentido de que há metas de longo prazo que não terão resultados antes das próximas eleições e que, portanto, muitas das decisões que tomaremos não podem ser pautadas por uma ansiedade eleitoral e que há frutos que não vou colher [durante o governo]”, pondera.
Boric afirma que o ‘calcanhar de Aquiles’ é a “desigualdade”. Mas que o maior desafio é conseguir ampliar a “base social de apoio para além de nossas fronteiras atuais”.
“Se ficarmos apenas com quem somos hoje, não conseguiremos fazer as transformações que queremos. Portanto, se não caminharmos todos juntos, será um desafio muito difícil”
Gabriel Boric
O companheiro Boric fará a diferença no Chile, primeiro em razão de uma postura democrática, e segundo por um plano de governo voltado para o crescimento com a inclusão social no orçamento (saúde, educação e trabalho).
Desejo sucesso a povo chileno, com mais conquistas sociais e direitos.