
Após 3 anos sem solução, as investigações dos assassinatos brutais de Marielle e Anderson parecem estar longe de um desfecho. Neste sábado (10), em mais uma reviravolta no caso, as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile, que faziam parte da força-tarefa investigativa deixaram seus cargos. As duas estavam no caso desde setembro de 2018, ano em que aconteceram as mortes.
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O líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), fez uma live para tratar sobre o caso, assim que a notícia da saída foi anunciada. Durante a transmissão, o socialista cobrou um posicionamento do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PSC), sobre a repentina mudança.
“O governador Claudio Castro precisa vir a público explicar o que está acontecendo no caso da Marielle, troca do delegado e das duas promotoras é algo muito grave. São mais de 3 anos sem esclarecimentos de uma vereadora brutalmente assassinada. Seus assassinos estão presos mais os seus mandantes nós ainda não sabemos quem são.”
Marcelo Freixo
MP confirmou saída das promotoras do caso Marielle
Em nota, o Ministério Público confirmou a saída das promotoras. Simone confirmou sua saída à TV Globo que apurou que as duas promotoras saíram por receio e insatisfação com “interferências externas”. O pedido de demissão de ambas ocorreu na mesma semana em que o delegado do caso, Moisés Santana, foi substituído.
Freixo também postou uma sequência de postagens no Twitter para explicar o andamento do caso. O socialista cobrou explicações das autoridades. “Os chefes do Ministério Público e da Polícia Civil do RJ precisam vir a público explicar a substituição do delegado e se posicionar sobre a saída das promotoras. É preciso que haja transparência e responsabilidade”, postou
Viúva de Adriano e a delação premiada
Segundo apurou a TV Globo, a insatisfação das promotoras começou quando a viúva do ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, quis fazer uma delação premiada revelando informações sobre homicídios e ligações de políticos com criminosos no Rio de Janeiro.
Adriano da Nóbrega foi morto em fevereiro do ano passado, num suposto confronto com a polícia na Bahia. O ex-PM estava foragido, acusado de chefiar o escritório do crime, um grupo de matadores de aluguel, e também uma milícia que atuava na Zona Oeste do Rio.
Simone e Letícia comandaram a investigação que levou a prisão de vários integrantes da quadrilha de Adriano. Elas queriam descobrir se ele tinha informações sobre os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson.
Simone Sibilio e Letícia Emile chegaram a ouvir o depoimento da viúva de Adriano, Júlia Lotufo, mas teriam encontrado supostas inconsistências no relato. Mesmo assim, a proposta de delação continuou a ser analisada por promotores de outra área do Ministério Público.
Quarta mudança de delegado no caso Marielle
A investigação do caso também teve mudanças na Polícia Civil. O delegado Moyses Santana, que investigava o crime, foi substituído por Henrique Damasceno, que até então era titular na 16ª DP (Barra da Tijuca).
Damasceno é o quarto delegado a investigar o caso. Veja abaixo as mudanças na investigação policial.
Quais interferências externas são essas?
A irmã de Marielle, Anielle Franco, lamentou em redes sociais a saída das duas promotoras da investigação do caso.
Anielle usou o Twitter para dizer que depositava muita confiança e esperança nas duas promotoras, e questionou quais seriam as interferências externas mencionadas pelas promotoras para deixarem o caso.
O Ministério Público do Rio informou ainda que os substitutos de Letícia e Simone serão escolhidos em breve.
Com informações do G1