
Na mesma semana em que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou um aumento recorde do desmatamento, a França anunciou a intenção de iniciar um programa de desenvolvimento agrário que permita que o país europeu possa reduzir sua dependência da soja importada, principalmente do Brasil. A informação foi divulgada na última terça-feira (1º) pelo jornalista Jamil Chade, no Uol.
Atualmente, a França importa 3,3 milhões de toneladas de soja por ano, principalmente do Brasil e dos EUA. Ao apresentar o projeto, o Ministro da Agricultura francês, Julien Denormandie, insistiu que havia chegado o momento de o país criar seu próprio plano de abastecimento de proteínas e de acabar com a “importação de desmatamento”.
Acordo UE-Mercosul
Ao longo dos últimos dois anos, Paris e Brasília trocaram provocações e ofensas, em parte por conta dos temas climáticos. Se Emmanuel Macron foi um dos principais motores do processo que freou o acordo entre Mercosul-UE, o argumento do Itamaraty é de que os temas ambientais são apenas manipulados pelos franceses para minar um tratado que abriria maiores possibilidades de exportações agrícolas do bloco sul-americano.
Além disso, o governo sustenta que a produção e exportação de soja não é a responsável pelo desmatamento.
Fontes alternativas
Ainda assim, além de rejeitar o tratado comercial, os franceses agora deixaram claro que, com fontes alternativas de proteína, a meta é a de duplicar a área agrícola dedicada a tais atividades até 2030. Isso permitiria reduzir a importação de soja.
Nos próximos três anos, a meta é a de aumentar a área plantada com leguminosas em 40%. Na prática, isso significaria 400 mil hectares extras.
“Este plano é a base que falta para restaurar nossa soberania alimentar”, disse o ministro da Agricultura, Julien Denormandie, numa coletiva de imprensa. O projeto, porém, envolverá 100 milhões de euros para recuperar áreas para o cultivo, além de recursos para pesquisa de sementes.
Com informações do Uol