
Ministério Público do Trabalho (MPT) espera que a Ford negocie sua saída do Brasil após duas decisões liminares contra a montadora serem publicadas nesta sexta-feira, 5. “O que buscamos é a negociação. Uma negociação não pode começar com a demissão de todo mundo”, afirmou o procurador-geral do MPT, Alberto Balazeiro ao Estadão.
As liminares impedem a Ford de demitir seus funcionários nas fábricas de Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP). “Não se trata apenas da questão trabalhista daquele grupo de funcionários, mas do dano a toda uma cadeia produtiva e à sociedade.”, completou.
Segundo a Ford, o encerramento da produção nas três cidades afetará cerca de 5 mil funcionários, mas o MPT estima que mais de 122 mil pessoas podem perder o emprego, considerando a cadeia de fornecedores de peças e serviços à companhia.
“A empresa precisa criar um plano de desmobilização. Falta transparência. Demos dez dias para que apresentassem esse plano e a Ford pediu mais 30 dias. Enquanto isso, demitiriam os funcionários e chegaram a anunciar o encerramento total das atividades em 18 de fevereiro.”, acrescentou o procurador-geral do Trabalho.
Saída da Ford do Brasil
No dia 11 de janeiro, a Ford anunciou o fechamento das fábricas. Em nota, citou os impactos da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus para justificar a decisão de fechar suas unidades no país. “A pandemia global da covid-19 ampliou os desafios do negócio, com persistente capacidade ociosa da indústria e redução das vendas na América do Sul, especialmente no Brasil”.
“Todo mundo foi pego de surpresa, não houve nenhum tipo de aviso da Ford a ninguém. A empresa precisa entender que tem responsabilidade sobre todo o entorno. Camaçari e Taubaté giram em torno da fábrica, há toda uma cadeia de fornecedores. E o Estado brasileiro investiu muito para que essa cadeia existisse, com incentivos tributários – federais, estaduais e municipais – além de empréstimos do BNDES”, afirmou Balazeiro.
O procurador reclamou ainda do que chamou de “assédio negocial” da empresa, que estaria buscando individualmente os funcionários para oferecer o pagamento de indenizações trabalhistas – por fora da negociação coletiva com os sindicatos. “ O papel da Ford vai além de simplesmente pagar as verbas rescisórias aos próprios funcionários. O Estado brasileiro se sentiu violentado”, concluiu Balazeiro.
Com informações do Estado de S. Paulo