
Enquanto Jair Bolsonaro (PL) segue usando as Forças Armadas para tensionar a relação com a Justiça Eleitoral em cima de denúncias infundadas de fraudes nas urnas eletrônicas, faz questão de não olhar as irregularidades que acontecem embaixo do seu nariz com os militares que estão no governo.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) revela que mais de 2,3 mil militares que trabalham para o governo federal têm indícios de irregularidades nos salários recebidos.
Em 930 casos, os militares que foram requisitados para exercer cargo civil estouraram o tempo máximo de dois anos de trabalho fora das Forças Armadas.
Em seguida, aparecem 729 militares sem “incidência de rubrica do abate-teto”. Isso quer dizer que recebem acima do teto constitucional.
Cortina de fumaça e ameaças
Apesar de tantas irregularidades a serem resolvidas, a preocupação de Bolsonaro é tumultuar o processo eleitoral.
Em mais uma investida contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as Forças Armadas querem arquivos relacionados às eleições de 2014 e 2018.
Justamente o período que abrange as acusações sem provas e delirantes de que houve fraudes nas eleições.
Na última semana, na sua tradicional live de disseminar fake news, disse que vai convidar os embaixadores de todos os países para falar sobre o sistema eleitoral brasileiro.
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Prometeu apresentar um power point com “tudo que aconteceu nas eleições de 2014, 2018, documentado”.
Afirmar quer vai apresentar provas contra as urnas eletrônicas é algo recorrente desde que assumiu o poder. Assim como o fato de nunca ter apresentado um indício sequer dessas mentiras.
“Chefe supremo sou eu”
Nesta segunda-feira (11), em conversa com apoiadores, Bolsonaro chamou o atual presidente da corte, ministro Edson Fachin, de “ditador do Brasil” e confirmou que está por trás da ofensiva das Forças Armadas contra a justiça eleitoral.
“O TSE convidou as Forças Armadas para participar de uma comissão de transparência eleitoral. Só que eles não entenderam que o chefe supremo sou eu. E eu determinei às Forças Armadas, junto a seu comando de segurança cibernético, que fizesse o trabalho que tinha que ser feito dentro do TSE”, afirmou – veja o vídeo aqui.
No ofício, enviado ao TSE em 24 de junho, as Forças Armadas afirmam que os arquivos das eleições passadas seriam necessários para “esclarecer e conhecer os mecanismos do processo eleitoral com a finalidade de permitir a execução das atividades de fiscalização do processo eleitoral”.
Com Plinio Teodoro e informações da Folha e UOL