
Por Marcelo Hailer
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB-MA), declarou em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (18) que a maioria da população não tem “intenção” golpista, mas que há uma “minoria barulhenta que é preocupante”.
“Ontem nós vimos um destacado general do governo (Braga Netto) falando que as Forças Armadas podem intervir contra o Supremo. Isso deve ser repudiado firmemente, porque, ainda que inverossímil e improvável, infelizmente vai se tornando possível”, alertou Dino.
Além disso, Dino também lembrou que Hitler, quando surgiu na cena política da Alemanha não era levado à sério e era tratado como uma figura caricata, mas que, ao chegar no poder causou a morte de milhares de pessoas.
“Lembremos que Hitler, quando fez o seu primeiro discurso na cervejaria em Munique era tido como um doido, uma figura caricata e acabou chegando ao poder e matando milhões de pessoas”, comparou.
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Em outro momento, o governador do Maranhão afirmou que o governo não fez nada ao longo de 2021 e que para o povo o que importa é “emprego, trabalho e comida”.
“Esse é o principal, é saúde, obras, investimento e ninguém debate isso no Brasil porque o presidente da República cada dia cria uma agenda: primeiro foi contra a vacina, depois era amigo do coronavírus, depois inventou o voto impresso, depois era contra a urna eletrônica e agora ele inventou esse negócio de Forças Armadas e essa confusão com os ministros do Supremo. Ninguém trabalha nesse governo? Não é possível isso”, criticou Dino.
Dino criticou a ameaça de Heleno
Dino criticou nas redes sociais a ameaça de golpe feita pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e afirmou que as Forças Armadas não podem ser usadas para moderar conflitos entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
De acordo com o chefe do executivo maranhense, o fato de Jair Bolsonaro (sem partido) apontar inconstitucionalidades do Supremo Tribunal Federal (STF) configura uma desordem, enquanto a instituição militar tem como objetivo a garantia da ordem.
“1) Artigo 142 da CF não cria ‘poder moderador’. 2) Forças Armadas não podem dirimir conflitos entre Poderes, pois não são Poder. 3) Se o presidente da República declara uma inconstitucionalidade, acima do STF, é uma desordem, logo não se aplica art 142, que fala em ‘lei e ordem’”, disse o chefe do executivo maranhense no Twitter.
A avaliação do governador foi feita após o general Augusto Heleno cogitar o uso das Forças Armadas no país, ao dizer que se existe o artigo 142 “no texto constitucional, é sinal de que pode ser usado”.
O artigo 142 diz: “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.