
Por Plinio Teodoro
Em artigo publicado na revista Carta Capital neste sábado (7), o governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) mandou um recado aos militares que se alinham aos desejos autoritários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“É fundamental que os militares lembrem que o verde, o azul e o branco do fardamento do Exército, Aeronáutica e Marinha identificam sua lealdade à Pátria, não submissão a partidos ou facções. O verdadeiro antídoto para a corrupção é a transparência e o princípio da legalidade”, escreve.
Dino ainda sinaliza o perigo da ala militar em apoiar os “delírios autoritários” de Bolsonaro e a insistência dele em acusar fraudes no sistema eleitoral sem apresentar provas.
“A melhor vacina para delírios autoritários é o voto popular, sem fraudes de nenhum tipo, inclusive as oriundas de instituições de Estado”, afirma Dino que lembra no artigo “a triste tradição do uso para fins privados dos aparelhos de Estado”.
Dino fala sobre ‘triste tradição’
Dino observa que no Brasil há uma “triste tradição, desde a nossa formação, do uso para fins privados dos aparelhos de Estado. O livro Coronelismo, Enxada e Voto retrata como no início do século passado as forças policiais e as administrações públicas em geral eram usadas pelas oligarquias locais em benefício próprio. A raiz dos problemas relatados por Victor Nunes Leal, em sua clássica obra, é a quebra da impessoalidade do serviço público em favor de aliados e em perseguição a adversários”.
O socialista observa que foi esse tipo de uso que se tentava atacar quando a Constituição de 1934 instituiu a estabilidade funcional do servidor público mediante concurso, na Era Vargas.
“Cabe a esse servidor atuar de maneira impessoal em prol do interesse público, deixando de lado seus gostos pessoais e as afinidades políticas”, afirma Dino.
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