
Foto: Marcos Corrêa/PR
Em entrevista a CNN, o ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se vacine contra a Covid-19 em prol da centralização do combate à doença. Para o emedebista, falta um plano de governo, principalmente na área da saúde.
“Eu digo sempre, com muita franqueza, o que falta para o governo, talvez, seja um plano de governo. Ou seja, que o povo saiba o que se vai fazer em cada um dos setores, especialmente no setor da saúde”, afirmou.
Temer afirmou que a maior preocupação do povo brasileiro é a divergência na sociedade em torno da vacina – ele acredita que, se a população estiver junta, a ação governamental ficará mais fácil. O atual chefe do Executivo, no entanto, iniciou as críticas à vacina e decidiu defender tratamento precoce sem comprovação científica.
Para o ex-presidente, uma das falhas do governo foi justamente essa aversão aos imunizantes, que dificultou a aquisição, ainda em 2020, ação que poderia ter tornado Bolsonaro um “herói nacional e um exemplo para a América Latina”. Para tentar mudar esse cenário, Temer defende que Bolsonaro receba o imunizante em público.
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“Seria de uma utilidade extraordinária, porque dá o exemplo. Assim como a palavra do presidente tem um peso extraordinário, os gestos presidenciais têm um peso significativo”, disse.
Com a rejeição ao governo Bolsonaro batendo recorde, posicionamentos radicais contra a vacina tendem a mudar. Recentemente, o presidente afirmou que poderá se imunizar quando plano de vacinação chegar na sua faixa etária. Ano passado, após ter se recuperado da Covid-19, o posicionamento era outro: “já estou imunizado”, afirmava Bolsonaro.
Cenário político de 2022
Para Temer, a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana foi um discurso de quem quer ser candidato. Ele retoma a tese que as eleições de 2022 serão divididas em dois “radicalismos”. No entanto, acredita na existência de uma terceira candidatura que, segundo ele, será útil para o processo eleitoral. “Isso (volta de Lula) não elimina o centro, como muitos andam dizendo”, declarou.
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Defensor de uma candidatura de centro, o deputado federal Rodrigo Maia pretende se juntar ao partido de Temer. Ano passado, o ex-presidente da Câmara chegou a demonstrar apoio ao governador de São Paulo, João Doria (PSBD) e o apresentador de TV, Luciano Huck. Temer, no entanto, defendeu que o partido espere até o ano que vem para decidir quem apoiar.
“É muito apressado querer tratar de 2022 quando ainda temos de tratar de 2021. Tratar de 2021 significa combater a pandemia. Não podemos começar a tratar de 2022 como se 2021 não existisse. O MDB só vai tomar uma posição no ano que vem”, afirmou
Com informações da CNN