
Após o fracasso da venda da Embraer a empresa dá sinais de que pode se recuperar. No final de abril foi assinado contrato para a venda de 30 aeronaves comerciais E195-E2. O cliente não foi divulgado. A empresa ainda tenta se recuperar da desmobilização de sua produção que resultou no fracasso da venda da Embraer para a Boeing.
Todo o imbróglio envolvendo a Embraer resulta justamente na falta de “projeto de desenvolvimento nas últimas quatro décadas”, apontada pelo professor e economista Marco Antonio Ribas Cavalieri. Um Projeto Nacional de Desenvolvimento é uma das principais tese da Autorreforma do PSB.
Negócio da Embraer fortalecerá empresa
O negócio divulgado pela Embraer vai fortalecer a carteira de pedidos firmes, que atualmente é de R$ 14,2 bilhões. O resultado do próximo trimestre deve apresentar melhoras com a inclusão do pedido dos 30 novos jatos. Outros 22 jatos foram entregues – nove aviões comerciais e 13 executivos.
A receita líquida da empresa no primeiro trimestre de 2021 foi de R$ 4,45 bilhões – 55% a mais que no mesmo período do ano passado. Resultado também da fracassada venda à Boeing, a Embraer, a empresa teve prejuízo trimestral líquido e ajustado de R$ 522,9 milhões e continua operando no vermelho. Gerou LAJIDA – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – de R$ 101,3 milhões, com margem de 2,3%. Esse indicador ajuda a perceber como as empresas estão realmente operando.
Em outros negócios, a Embraer entregou um E195-E2 para a nigeriana Air Peace, a primeira companhia da África a contar com um jato da linha em sua linha. A KLM Cityhopper também recebeu reforço da empresa brasileira, também com um E195-E2 e trabalha com 50 aviões brasileiros.
Falta articulação de políticas públicas
Porém, esse sinal de melhora não gera grandes expectativas. Caso não haja uma articulação de políticas públicas com agências de pesquisa e fomento para garantir a criação de uma política de Estado que seja resistente às mudanças políticas, pouco ou nada se avançará. É o que defendem os socialistas, que inclusive cita a própria Embraer como uma iniciativa que teve êxito enquanto foi tratada como política de Estado.
“Um sistema nacional de inovação é um grupo articulado de instituições dos setores público e privado. Há três agentes principais, que atuam de forma integrada: o Estado responsável por aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades e institutos de pesquisa, responsáveis por cria e disseminar conhecimento e as empresas responsáveis por investir na transformação do conhecimento em produtos.”
Autorreforma do PSB
“As nossas dificuldades no setor industrial não são de hoje, mas são resultado de um processo combinado de crises sucessivas, iniciadas na nossa primeira ‘década perdida’, a de 1980, agravado pela abertura comercial irrefletida dos anos 1990 e a ausência de projeto nacional de desenvolvimento nas décadas que se seguiram”, observa Cavalieri.
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Cavalieri reflete que não foi falta de aviso. “Avessos à ideia de que restrição fiscal, combate à inflação – algo que era absolutamente necessário -, privatizações e liberalização comercial pura e simples automaticamente levariam o Brasil ao desenvolvimento, economistas heterodoxos vêm alertando governantes para a enrascada na qual insistimos em nos meter desde a década de 1990”, afirma.
“Vale muito a pena para os setores progressistas prestar atenção nesses economistas, pois eles têm projeto e solução”, completa.
Autorreforma do PSB
Após dois anos de um debate democrático, construído de forma colaborativa e aperfeiçoado a cada etapa, as 577 teses do Livro 4 da Autorreforma do PSB serão sintetizadas no novo programa do partido. As propostas serão submetidas ao Congresso Nacional dos socialistas, previsto para ser realizado entre os dias 26 e 28 de novembro deste ano.
O processo de debates do PSB foi iniciado na Conferência Nacional, em novembro de 2019, e propõe soluções concretas e inovadoras para o país nos âmbitos econômico, social, cultural e ambiental, por meio de um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
A Autorreforma possui cinco eixos temáticos: Reforma do Estado; Economia: prosperidade, igualdade e sustentabilidade; Desenvolvimento sustentável e economia verde; Políticas sociais e cidades criativas; e Socialismo criativo, democracia e o partido que queremos.
Com informações do Infomoney e Revolução Industrial Brasileira