
Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), em uma tentativa de eximir o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) da responsabilidade sobre a péssima condução da pandemia da Covid-19, culpou o Ministério da Saúde pelo atraso da chegada das vacinas contra o coronavírus.
Em entrevista à revista Veja desta semana, Wajngarten também responsabilizou o Ministério da Saúde pelo insucesso nas negociações do Planalto com a farmacêutica Pfizer na compra de 70 milhões de doses do imunizante contra o coronavírus. Nas palavras de do ex-assessor de Bolsonaro, a Saúde agiu de maneira “incompetente” e houve “ineficiência”.
“Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece”, afirmou, referindo-se “à equipe que gerenciava o ministério da Saúde nesse período.”
Fábio Wajngarten
Manobras de Wajngarten para livrar Bolsonaro
Para o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), as declarações de Wajngarten esbarram na famosa conversa entre o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente. “É simples assim: um manda e outro obedece”, recordou o socialista pelas redes sociais.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também comentou sobre a entrevista do ex-assessor de Bolsonaro. Para ele, parece algo combinado. “Entrega a cabeça de Pazuello e protege o presidente”, escreveu pelas redes sociais.
Ministério da Saúde travou negociações
Em março, Wajngarten deixou o comando da Secom após uma série de atritos com o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que também foi demitido do cargo. Fábio disse que, assim que soube da carta enviada pela Pfizer oferecendo as vacinas contra a Covid-19, entrou em contato com o CEO da empresa, e ficou sabendo que os responsáveis pela Saúde “sequer” haviam respondido à farmacêutica.
Wajngarten conta que se colocou “à disposição para negociar com a empresa” por antever que o presidente”seria atacado e responsabilizado pelas mortes”. “Precisávamos da maior quantidade de vacinas no menor tempo possível. E dinheiro nunca faltou”, relatou o ex-chefe da Secom, reiterando que foram realizadas “várias reuniões”, mas que “infelizmente, as coisas travaram no ministério da Saúde”.
“Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado”, disse o ex-secretário. De acordo com ele, Bolsonaro “sempre disse que compraria todas as vacinas, desde que aprovadas pela Anvisa”.
Wajngarten falará à CPI da Pandemia
Nos próximos meses, o Senado irá se debruçar na CPI da Pandemia, que investigará as ações do governo durante a pandemia da Covid-19 e também o uso de verbas federais repassadas para estados e municípios. Para o ex-chefe da Secom, “o governo não pode ser acusado de inoperância” e que, se necessário, ele prestará todos os esclarecimentos no âmbito da comissão.
“Eu era o secretário de Comunicação do governo. É minha obrigação reportar o que o Planalto fez através da minha pessoa. Antevi os riscos da falta de vacina e mobilizei com o aval do presidente vários setores da sociedade. Já me acusaram até de não ter feito campanha publicitária para divulgar a importância da vacina. Como eu ia fazer campanha de vacinação se não tinha vacina. Se fizesse, seria propaganda enganosa. Estou tranquilo, se necessário, posso esclarecer tudo isso à CPI”, completou.
Com informações da Veja e UOL