
Ex-deputado federal constituinte e membro da Executiva Nacional do PSB, Domingos Leonelli critica de maneira contundente a forma como são feitas as campanhas políticas no país. Para ele, os candidatos a presidente e a governador “são candidatos a monarcas absolutistas com todos os poderes em suas mãos”.
“Vão acabar com a fome, revolucionar a educação, controlar a violência, garantir safras abundantes, zerar impostos… só faltam prometer uísque nas torneiras. E os candidatos a deputado, meros auxiliares a recitar rapidinho seus próprios nomes e números”, critica.
Embora determinem o tempo da propaganda na TV, Leonelli lembra que mal têm tempo para dizer seus próprios nomes e números das urnas.
“Ficam entre o patético e o ridículo absoluto”, afirma.
Não há espaço para discussão dos programas de governo, “considerados como bobagens, solenemente ignorados”.
“Única exceção é o PT cujo programa também ninguém conhece, mas pelo menos tem o legado dos governos de Lula como referência”, observa o socialista.
Na avaliação dele, nem mesmo Ciro Gomes escapa desse padrão. Isso porque o programa é do candidato, não do seu partido, o PDT.
“Ou seja, quase todos os partidos são siglas com três letras que pouca gente sabe o que significam e números que serão esquecidos logo após as eleições”, afirma.
Leia também: O PSB e o programa de governo Lula-Alckmin
Por conta dessa dissonância, Leonelli destaca que uma das propostas do novo programa do PSB, discutido por dois anos e meio e aprovado por mais de mil delegados no seu XV Congresso da Autorreforma, realizado em Brasília, no final de abril, propõe a a separação das eleições legislativas proporcionais das eleições para cargos executivos de prefeito, governador e presidente. E defende a redução do número de partidos com representação no Congresso Nacional, além do voto distrital misto.
“Sabemos que os partidos passam por crises de identidade em boa parte do mundo. Mas até agora não inventaram uma democracia sem partidos”, finaliza.