
A cúpula do Exército Brasileiro agiu contra a Constituição Federal para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O crime foi admitido no livro “General Villas Bôas: Conversa com o comandante”, lançado pela Editora FGV.

A publicação, de autoria do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro, confirma a articulação militar para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a não aceitar um habeas corpus apresentado pelo ex-presidente, em 2018, para recorrer da condenação em liberdade.
Na obra, Villas Bôas diz ainda que, caso Fernando Haddad (PT) tivesse derrotado Jair Bolsonaro no último pleito, “assumiria normalmente e a postura do Exército seria de cumprimento da Constituição”.
O que contradiz a postura do militar de respeito à Carta Magna, pois na véspera do julgamento no STF, dia 3 de abril de 2018, Villas Bôas foi às redes sociais ameaçar o Estado Democrático de Direito, em postagem na qual afirmou que o Exército “julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”.
Na entrevista que deu origem à obra, concedida ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da FGV, Celso Castro, Villas Bôas tenta justificar a postura adotada pelo Exército naquela oportunidade.
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Uma das razões apresentadas pela postura inconstitucional seria o suposto aumento dos pedidos de intervenção militar, o que teria explicado a atitude, a fim de conter uma possível convulsão social.
As polêmicas declarações contidas no livro, em tom de ameaça, foram redigidas a várias mãos no Alto Comando do Exército. Para Vilas Bôas, entretanto, a mensagem endereçada à Suprema Corte “tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça”.
“O texto teve um ‘rascunho’ elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20 horas, momento que liberei para o CComSEx (Setor de comunicação do Exército) para expedição”.
Eduardo Vilas Bôas em “General Villas Bôas: Conversa com o comandante”
Com informações da Carta Capital