
Com a previsão de que o pico da pandemia do novo coronavírus está mais próximo de atingir o Brasil, ainda não é hora de aliviar o isolamento social da população. Qualquer medida nesse sentido pode pressionar ainda mais o sistema de saúde, que já opera perto do limite em diversas regiões do país. A cautela também é necessária porque a vacina contra a doença só deve estar disponível em larga escala no fim do ano. As opiniões são de Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein.
“Projeções indicam o pico da doença deve ocorrer entre os dias 3 e 10 de maio. As estimativas estão sujeitas a erros, mas acho que estamos próximos desse pico”, disse ontem em vídeo-chamada ao Valor.
Não é hora de relaxar
O presidente do Einstein recordou que a decisão sobre o relaxamento do isolamento deve observar a evolução de casos de Covid-19. “Momento de relaxar o isolamento é quando novos casos estiverem longe de levar o sistema de saúde ao limite”, disse.
Segundo ele, isso não se aplica hoje à situação do Estado de São Paulo, localidade com maior número de casos e mortes no Brasil. “Não conseguimos comprovar que o pico dos infectados já aconteceu aqui”, disse.
Vacina
Embora os estudos para a produção de vacina contra a doença estejam em ritmo acelerado pelo mundo, a fase de testagem está, mesmo nos casos mais avançados, apenas no início. “Existe a perspectiva de vacina produzida em larga escala até o fim do ano”, afirmou, lembrando que muitas iniciativas projetam ter até meados do meio do ano um medicamento pronto para começar a ser avaliado em humanos.
Anteontem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou parceria com mais de 40 países, que doaram conjuntamente € 7,4 bilhões para contribuir com a distribuição e produção de uma vacina contra o novo coronavírus. Brasil e Estados Unidos estão entre os que ficaram de fora de aliança mundial.
Cloroquina
Klajner disse que, por enquanto, não há comprovação científica de que a hidroxicloroquina, cujo uso é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, seja um remédio eficaz contra a Covid-19. “É muito cedo para falar da hidroxicloroquina porque não há comprovação de eficácia. Ela faz parte de um protocolo de pesquisa, não de um protocolo de tratamento”, disse.
O presidente do Einstein afirmou não ser contrário à implementação de uma fila única para atendimento dos pacientes da pandemia, mas que a medida deve ser regulamentada e não prever apenas o confisco de equipamentos ou leitos pelo governo.
“Há necessidade de se fazer uma regulação para usar leitos ociosos para o setor público. Se simplesmente for confiscado um leito, o setor privado para de comprar insumos”, opinou.
Com informações do Valor Econômico.