
Uma das maiores vozes do país, a cantora Elza Soares morreu nesta quinta-feira (20), aos 91 anos, no Rio de Janeiro. De acordo com a assessoria da cantora, ela morreu em casa de causas naturais. A esquerda brasileira lamenta a imensa perda para a cultura. Elza cantou a fome, as desigualdades sociais, o machismo e o racismo como ninguém.
Filha de um operário e uma lavandeira, Elza começou a cantar com o pai, que gostava de tocar violão. Ela nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro, onde hoje é a Vila Vintém.
A carreira como cantora começou em 1950, quando ficou em primeiro lugar no primeiro teste que fez, na Rádio Tupy.
Ao se apresentar, a plateia riu das roupas simples – emprestadas da sua mãe – e Ary Barroso perguntou: “De que planeta você veio, minha filha?”, causando mais risos nos presentes.
Foi nesse momento que Elza deu a icônica resposta:
“Do mesmo planeta que você, seu Ary. Do planeta fome”
Elza Soares
Planeta Fome deu o nome do último álbum da cantora, lançado em 2020.
Para os socialistas e a esquerda foi uma grande perda.
O ex-presidente Lula lembrou que Elza “sempre defendeu a democracia”.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) destacou a referência que Elza se tornou.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) ressaltou a importância de Elza.
Para o líder da Oposição Alessandro Molon (PSB-RJ), o exemplo de Elza “jamais será esquecido”.
O líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ) afirma que o país perde “uma das maiores cantoras de todos os tempos”.
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), que assume a liderança do PSB em fevereiro, destacou a importância da cantora para a negritude feminina brasileira.
O deputado Cassio Andrade (PSB-PA) afirma que a “cultura brasileira está em luto”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que Elza leva com ela “parte da nossa história”.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou que seguirá “para sempre em nossa lembrança”.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) “é um dia triste para a cultura”.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse não ter palavras “para tanta tristeza”.
Manuela D’ávila (PCdoB-RS) saudou a “rainha”.
Música contra a fome
Elza resolveu participar do programa na Tupy para tentar ganhar algum dinheiro. Aos 13 anos, já tinha perdido um filho e o outro estava prestes a morrer. Elza se casou aos 12 anos em um casamento arranjado.
Ela foi contratada para trabalhar na Rádio Vera Cruz, convidada a participar do Festival Nacional da Bossa Nova e, três anos depois, representou o Brasil na Copa do Mundo do Chile. Foi o início de uma trajetória que a fez ganhar o mundo.
Nos anos 2000, foi consagrada pela BBC de Londres como a melhor cantora do universo.
O seu penúltimo álbum, A Mulher do Fim do Mundo, lançado em 2015, foi reconhecido pelo The New York Times como um dos melhores álbuns de 2016.
Foram décadas de muitos sucessos em que dialogou com vários estilos e gerações de músicos.
Se acaso você chegasse, de Lupicínio Rodrigues; Meu Guri, de Chico Buarque; A Carne, de Marcelo Yuka, Seu Jorge e Ulisses Cappelletti, do Farofa Carioca; e mais recentemente, Mulher do Fim do Mundo e Maria da Vila Matilde, composta por Rómulo Fróes e Alice Coutinho e Douglas Germano, respectivamente, fazem parte do inesquecível repertório.
Elza, que foi casada com o ex-jogador de futebol Garrincha, de quem gostava apenas de contar sobre a parte boa e dizia ter sido o amor de sua vida, morreu exatamente 39 anos após o companheiro.
Com informações do Metrópoles, Revista Claudia e Veja