
Especialistas em Meio Ambiente estimam que o desmatamento na Amazônia deve atingir 15 mil km² ainda em 2020, frente aos quase 10 mil km² registrados em 2019.
Eles foram unânimes em condenar a falta de ação do governo federal frente ao problema, durante encontro virtual da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional nesta quarta-feira (17).
Deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), um dos coordenadores da frente, sugeriu que o grupo atue agora diretamente com os estados na busca de soluções.
“Se a gente não tem uma ação mais forte por parte do governo federal, uma estratégia importantíssima é trabalhar com os estados, criar constrangimentos dos municípios que são os líderes do desmatamento, deste ranking do terror”, disse.
Conselho da Amazônia
A especialista em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Vaz, disse que as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que vêm sendo conduzidas pelo Conselho da Amazônia, sob o comando do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, não servem para o controle do desmatamento. Segundo a especialista, são operações de força que acabam sendo apenas temporárias.
“Você não vai para campo para resolver uma serraria, duas serrarias; você vai para campo para desestruturar uma cadeia de ilícitos ambientais naquela região. Isso impõe planejamento prévio, às vezes de meses para as grandes operações”, explicou.


5 mil km² em 2012
Suely afirmou que dois meses dessas operações militares na Amazônia custam o mesmo que o salário anual de mil fiscais do Ibama. Ela também criticou casos recentes de funcionários que foram repreendidos por atuar na fiscalização em campo. O desmatamento na Amazônia já foi de menos de 5 mil km² em 2012.
O engenheiro agrônomo Beto Verissimo, pesquisador da Consultoria Imazon, afirma que dos 80 milhões de hectares já desmatados da floresta original, que representam 20% do total, 30% estão abandonados e 60% são subutilizados.
Pará
O coordenador do MapBiomas Alerta, Tasso Azevedo, apresentou os dados do primeiro Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, feito para o ano de 2019. O relatório reúne dados de três fontes com imagens de alta qualidade e gera laudos detalhados dos casos de desmatamento. Desta forma, a organização conseguiu gerar 56 mil laudos em 2019 contra mil do ano anterior.
Todos os estados registram desmatamentos ilegais, em 1.734 municípios. O estado do Pará é o maior em quantidade de casos e em área. Tasso Azevedo afirma que é possível identificar 75% dos responsáveis pelos desmatamentos.
“A área desmatada do Brasil, mesmo subestimada – porque pode ser que existam desmatamentos que a gente não capturou –, é, de longe, a maior área desmatada em qualquer país do mundo. O segundo país com maior área desmatada tem menos da metade da área desmatada do Brasil, que é o Congo, na África”, aponta.
Investigação
Tasso Azevedo pediu ajuda aos parlamentares para que os laudos gerados pela organização sejam investigados pelo setor público. Pelos dados do MapBiomas, o desmatamento no país atingiu mais de 12 mil km² em 2019, um total equivalente a oito vezes a cidade de São Paulo.
Com informações da Agência Câmara de Notícias