
O epidemiologista Erick Feigl-Ding, um dos primeiros a alertar sobre a proporção pandêmica a qual iria chegar o surto da covid-19, voltou a falar sobre a situação da pandemia no Brasil e da necessidade de ajuda internacional para que a variante brasileira não cause uma nova pandemia.
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Em entrevista ao jornalista Leandro Resende, da CNN, o médico e professor afirmou que tem conversado com autoridades americanas sobre maneiras de ajudar o país. Porém, ele também destacou que apenas o Estados Unidos (EUA) não será capaz de resolver a questão, sendo necessária uma união internacional pela causa.
“É o surto de Covid mais grave já registrado no mundo, pelas dimensões do Brasil e pelo fato de ainda não ter chegado em um pico de mortes”, avaliou.
Segundo Ding, a variante P1, descoberta em Manaus (AM), é extremamente agressiva e precisa ser controlada antes que se espalhe pelo mundo causando mais mortes.
“A crise brasileira é um risco para a estabilidade global. O mundo não está entendendo ainda o quão grave é a variante P1, identificada primeiro em Manaus, e que já está em vários outros lugares do planeta. É mais transmissível que a variante britânica, de acordo com as pesquisas”, afirmou ele.
Relações internacionais
Ainda em entrevista à CNN, o epidemiologista afirmou que existe a possibilidade do país norte-americano enviar vacinas para o Brasil. De acordo com ele, a transação seria realizada inicialmente como um “empréstimo” e poderia ser finalizada como doação. Porém, para que isto aconteça, é necessário que seja feita uma negociação entre os dois países a nível de política externa.
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Entretanto, sob comando do chanceler Ernesto Araújo, esta tem sido uma das áreas mais criticadas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ernesto ocupou o noticiário diversas vezes com suas falas e atitudes polêmicas e pouco diplomáticas. Responsável por atritos entre o Brasil e aliados importantes, ele está na mira de diversos parlamentares, inclusive dos presidentes da Câmara e do Senado.
Estados devem seguir trabalhando
Ciente dos esforços realizados pelos governadores e prefeitos brasileiros na busca por vacinas e fortalecimento das políticas de isolamento social, Erick Feigl-Ding refoçou a importância dos estados seguirem trabalhando no combate a pandemia. Para ele, se faz urgente um alinhamento das ações em uma coordenação nacional.
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“Estou com medo, este é o fato. Alguém precisa assumir a liderança e mostrar que o Brasil está vigilante contra a variante P1, se não teremos uma pandemia global ainda pior”, alertou.
Com informações da CNN