
O entrosamento de Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), gerou um novo termo entre coordenadores da pré-campanha eleitoral: Lulalckmin.
O próprio Lula deixou isso claro em jantar com empresários, ao referir-se ao papel que o socialista terá em seu eventual governo. Disse que não tomará nenhuma decisão importante sem antes consultar Alckmin. “Não existe ‘governo Lula’ e, sim, ‘governo Lula-Alckmin’”, declarou Lula.
O ex-governador tem figurado como um avalista de Lula durante a série de jantares com empresários. A aliança com Alckmin traz uma maior aproximação junto a empresários, o centro e o mercado e sinaliza que, em um futuro governo, não serão tomadas medidas “radicais” na economia.
Na terça-feira (28), em outro jantar, Alckmin ficou responsável pela análise macroeconômica e as propostas de “reconstrução do país”.
No encontro com empresários, entre eles Carlos Sanchez (EMS), Candido Pinheiro (Hapvida), João Camargo (Esfera) e Pedro Silveira (ex-XP), Lula lembrou as vitórias de Alckmin no estado de São Paulo e disse que um está aprendendo com o outro, segundo participantes.
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A reunião foi realizada no apartamento do advogado Sergio Renault. “Aliança não é para ganhar, é para governar”, afirmou Lula.
Segundo relatos dos participantes, Lula disse também que confia na habilidade de Alckmin para repactuar a relação com o Congresso Nacional.
Lula afirmou que se sentia como se estivesse comemorando “bodas” com Geraldo Alckmin, como se fossem amigos há mais de 50 anos. Reiterou que as “cotoveladas” do passado não comprometeram o respeito que eles têm um pelo outro.
Os presentes disseram que Lula elogiou Alckmin pelo menos quatro vezes durante o jantar e disse estar mais animado para governar do que estava em 2003, quando tomou posse pela primeira vez.
O petista reforçou que agora seria um governo com caráter conciliador. “Eu não vou fazer nenhuma medida abrupta sem ouvir a sociedade, empresários, Congresso. Vocês me conhecem”, disse.
“Quero colocar empresário para conversar com trabalhadores. Quero viajar para fora, recuperar a imagem do Brasil”, reiterou.
Críticas a Bolsonaro
Durante o encontro, Lula também teceu críticas indiretas ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL) ao citar a relação deste com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu nunca chamei ministro do STF para o ringue, mesmo quando estava preso. Não é do meu feitio”, disse Lula.
Alguns dos presentes disseram a jornalistas que Lula afirmou ter raiva somente do ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro.
Durante o encontro, Lula tratou também da política de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E afirmou que a política será de microcrédito com foco nos pequenos e médios, mas sem inviabilizar as negociações de grandes empresas.
Com informações da Folha de S. Paulo