
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) reagiu à decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) de fechar o Comitê de Imprensa, alocando-o a uma sala no subsolo do Congresso. Em nota, a entidade pediu que o parlamentar reveja a decisão, anunciada na última segunda-feira (8) e mantenha os profissionais ao lado do Plenário da Casa.
A partir da mobilização, a Federação espera brecar a mudança, prevista para ocorrer nesta quinta-feira (11). No local, Lira pretende instalar seu gabinete, de onde pode entrar e sair sem ser abordado por jornalistas ou pessoas de outros setores.
“Os jornalistas que fazem a cobertura diária da Câmara dos Deputados têm a missão de informar à sociedade brasileira sobre os debates que ocorrem na Casa e das decisões tomadas pelos deputados. Sabiamente, o arquiteto Oscar Niemeyer projetou o Comitê de Imprensa ao lado do plenário, justamente para que os jornalistas tivessem acesso ao principal local de debates e deliberações”, diz a instituição em nota.
A Associação Nacional dos Jornalistas (ANJ) também se manifestou contrária à decisão de afastar a imprensa do Legislativo.
“Os jornalistas que atuam na Câmara têm papel essencial no acompanhamento das atividades da Casa e na relação dos deputados com a sociedade. Toda medida que dificulta o trabalho da imprensa atenta contra a transparência do parlamento e a necessária cobertura e acompanhamento dos trabalhos legislativos”, diz a nota da entidade.
Apelo da imprensa
Profissionais que atuam no Congresso também se manifestaram contra a decisão: “Querem deixar a imprensa no escuro… A ideia do Arthur Lira é blindar suas ações”, disse a fotografa do Estadão Gabriela Bilo em sua redes sociais.
Mudanças da gestão Lira
Atualmente, o gabinete do presidente da Casa está localizado próximo ao Salão Verde, onde a circulação é livre. É comum deputados serem questionados sobre votações e decisões polêmicas quando atravessam esta área. Para barrar a decisão, um grupo de parlamentares iniciou um abaixo-assinado.
Desde que tomou posse como presidente da Câmara, no entanto, Lira tem tomado atitudes nada democráticas. Em seu primeiro ato, destituiu a Mesa Diretora. Na terça-feira (9), durante sessão para decidir a votação da autonomia do Banco Central, não deixou os parlamentares de oposição concluírem suas falas em defesa da ampliação do debate antes da votação.
Local histórico
Desde 1960, quando as atividades legislativas foram transferidas do Rio para Brasília, o Comitê de Imprensa funciona ao lado do plenário. A ideia é colaborar com a urgência dos profissionais ao transmitir as notícias. Nas gestões do PT na presidência da Câmara, também houve uma tentativa de mudança, mas foi barrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na gestão de Eduardo Cunha (MDB-RJ), a mudança seria levada adiante, mas o deputado teve o mandato cassado em 2016 antes de conseguir executar a obra. Na gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) o assunto chegou a ser discutido, mas também foi cancelado. Agora, a Câmara dos Deputados informou em nota ao Estadão que o Iphan aprovou as mudanças e que não tem os custos levantados.
Com informações do Estadão