
Após 22 dias, o fornecimento de energia elétrica no Estado do Amapá foi 100% restabelecido nesta terça-feira (24), após a instalação do segundo transformador na subestação Macapá. A informação foi divulgada pela própria distribuidora de energia e pelo Ministério de Minas e Energia.
A energização do equipamento, essencial para a normalização do fornecimento de energia ao Estado, estava prevista para ocorrer até quinta-feira (26), mas o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, sinalizou que a operação poderia ser antecipada. Já o MME indicou que o equipamento seria submetido a testes. O anúncio do término do rodízio foi feito pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) às 8h12 desta terça.
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A Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LTME) também divulgou comunicado informando que restabeleceu a carga de energia em dois transformadores na sua subestação na madrugada desta terça.
Terror no Amapá
O apagão que causou pânico e muitos transtornos começou dia 3 de novembro, quando a subestação de energia elétrica da capital Macapá pegou fogo e provocou um blecaute em 13 dos 16 municípios. A energia começou a ser restabelecida no dia 7, mas em regime de rodízio. Um novo apagão no Amapá ocorreu na noite de 17 de novembro.
Sem energia, o rodízio de luz atendeu principalmente bairros nobres, enquanto a periferia passou dias no escuro. Os moradores não tinham informações sobre os critérios do rodízio para escolha dos bairros religados nem sobre os períodos em que a energia estaria disponível nas tomadas.
A crise afetou o fornecimento de água e as telecomunicações, gerou uma corrida aos postos de combustíveis que tinham geradores de energia. As pessoas tinham dificuldade de comprar itens básicos. Muitas recorreram a lagos, poços e ao Rio Amazonas para recolher água para o banho e para beber, mesmo que ela não seja potável.
Prejuízos e protestos
Além disso, a crise provocou prejuízos a comerciantes que não conseguiam manter alimentos refrigerados. Muitos tiveram prejuízos que dificilmente serão recuperados. Foi difícil ficar em casa. Uma queixa comum foi a impossibilidade de usar ventiladores e ar-condicionado. Com isso, os carapanãs, infernais mosquitos borrachudos da Amazônia, aproveitam as janelas abertas para tornar as noites quentes ainda mais desagradáveis.
Os protestos contra a situação dramática foram reprimidos com rigor. Na noite de sábado (7), e madrugada de domingo, um protesto em Remédios II, no município de Santana, a 20 quilômetros de Macapá, foi reprimido pela tropa de choque do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Os agentes dispersaram a manifestação, que bloqueou com fogo e pneus uma das vias de acesso à cidade, de cerca de 120 mil habitantes. Foram registrados pela Polícia Militar (PM) mais de 120 protestos contra o apagão desde o dia 6 de novembro.
Visita de Bolsonaro
No último sábado (21), depois de 19 dias de crise e dois apagões no estado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou o Amapá. Durante a visita, geradores termoelétricos começaram a funcionar parcialmente.
Bolsonaro reconheceu que a população amapaense passou por dificuldades, mas afirmou que o governo federal prestou assistência. “Demoraria 90 dias para ser restabelecido (a energia). Mesmo não sendo atribuição federal, nós mergulhamos, especialmente por pedido do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre”, disse o presidente.
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O Senado chegou a aprovar um projeto de lei que prevê compensações para consumidores atingidos pelo apagão. A proposta ainda depende da Câmara dos Deputados e de sanção presidencial. Uma medida provisória, por outro lado, passa a valer assim que assinada. Além disso, o projeto do Senado foi questionado pela Consultoria Legislativa da Casa, que avaliou risco de o texto encarecer o preço da conta de luz para todo o país e até causar novos apagões.
Com informações do Estadão
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