
A Esmaltec, fabricante nacional de eletrodomésticos, iniciou no fim de dezembro de 2020 a produção do capacete hiperbárico, equipamento desenvolvido no Ceará que auxilia no tratamento de diversas doenças respiratórias, entre elas a Covid-19. O capacete estava em avaliação há sete meses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu em novembro passado autorização para ser produzido em escala industrial.
A empresa se uniu ao Governo do Ceará e a organizações de fomento de novas tecnologias, como a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), para liderar a fabricação do aparelho no estado.
Leia também: Quem recusar vacina e se infectar terá de custear tratamento, defendem 69% dos brasileiros
Utilizando um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o capacete pode ser aplicado em pacientes considerados de baixa e média complexidade, ajudando a reduzir até 60% a necessidade de intubação. Além de reduzir os riscos inerentes ao procedimento, o aparato também otimiza os custos hospitalares ao evitar a internação de pacientes em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Como surgiu o Elmo
O Elmo foi inspirado na experiência de médicos italianos que usaram máscaras de mergulho no tratamento de pacientes com Covid-19 e no uso de capacetes hiperbáricos, em pacientes com doenças de descompressão. Os aparelhos também foram usados na Europa e nos Estados Unidos ainda no início da pandemia.
O capacete possui uma cúpula transparente, com tubos fixados no pescoço do paciente. Dessa forma, o aparelho consegue distribuir o fluxo de gás contínuo para oxigenar o sangue e expandir o pulmão.
Marcelo Alcantara, superintendente da Escola de Saúde Pública (ESP-CE) e idealizador do Elmo, diz que “o uso inicial dele é enquanto o paciente está acordado, alerta e consciente. Na primeira vez, você utiliza duas, três horas, sempre com um profissional de saúde acompanhando o procedimento para dar segurança. Nos intervalos sem o Elmo, ele pode se alimentar ou fazer higiene pessoal. Depois coloca de novo. Pode usar por dois, três, quatro dias até a condição de base ser resolvida“.
Os pacientes escolhidos para testar o capacete Elmo tinham entre 37 e 76 anos e apresentavam comprometimento pulmonar causado pela doença.
Como funciona o capacete
O Elmo foi criado com o objetivo de oferecer oxigênio em alto fluxo para o paciente. O capacete tem três ramos: um de entrada de oxigênio, o ramo de inspiração, e outro de saída de gás carbônico, o ramo de expiração. O terceiro ramo é destinado à medicação e/ou alimentação do paciente durante o tratamento hospitalar.
O fluxo de oxigênio entra no capacete por meio da válvula Elmo, que abastece uma jarra de umidificação de ar. Esse umidificador joga o fluxo de oxigênio para dentro do capacete, passando neste momento por uma filtragem. O capacete tem internamente uma pressão positiva, que induz o fluxo de ar para dentro do paciente.
Quando o paciente solta o ar de volta, ele vem com gás carbônico contaminado, que poderia contaminar a equipe de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Para evitar a situação, tudo que sai da cápsula para o ambiente é retirado via ramo de expiração, que contém um filtro Hepa.
Além dos ramos, o capacete Elmo tem uma membrana responsável por garantir a vedação no pescoço do paciente, com cinco tamanhos diferentes, adaptáveis ao peso e à altura do usuário. Essa membrana é importante para evitar o vazamento de ar contaminado, protegendo, assim, a equipe de profissionais de saúde.
Com informações da Secretaria Estadual de Saúde do Ceará e Unifor