
O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, ordenou que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar um sociólogo e um microempresário por duas placas de outdoor com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A ordem para a instauração do inquérito foi dada em dezembro do ano passado e a Diretoria de Inteligência Policial (DIP) começou a trabalhar no caso em janeiro.
A existência do inquérito na PF foi divulgada pelo Jornal do Tocantins na segunda-feira (15) e confirmada pelo Uol, que teve acesso às 56 páginas da investigação.
“Diante dos fatos narrados, requisito ao diretor-geral da Polícia Federal que adote as providências para a abertura de inquérito policial com vistas à imediata apuração de crime contra a honra do presidente da República”, escreveu o ministro André Mendonça em 8 de dezembro.
Um dos outdoors investigados foi instalado em agosto de 2020, no Tocantins. A mensagem, ao lado da imagem de Bolsonaro, era: “Cabra à toa, não vale um pequi roído. Palmas quer impeachment já“. A expressão “pequi roído“, no Tocantins, refere-se a coisas que não têm nem valor nem importância.
A DIP abriu o inquérito em 5 de janeiro e, por videoconferência, já tomou o depoimento dos dois investigados, o sociólogo Tiago Costa Rodrigues, 36, que é secretário de formação do PCdoB em Tocantins e mestrando na Universidade Federal do Tocantins (UFT), e Roberval Ferreira de Jesus, 58, dono de uma microempresa de outdoors. O perfil do sociólogo na rede social Twitter chegou a ser monitorado pela DIP, que copiou 12 postagens e as incluiu na investigação.
Essa é a segunda vez que o outdoor do “pequi roído” é motivo de investigação na PF. Em agosto, a mensagem foi denunciada por um empresário bolsonarista de Palmas. Para Celso Montoia Nogueira, a peça de comunicação era desrespeitosa com o presidente Jair Bolsonaro, extrapola o ”limite da censura” e dava “ensejo à anarquia“.
Pelas redes sociais, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) se manifestou sobre o caso, relembrando que o governo Bolsonaro, que agora persegue quem o chama de “genocida”, está mais empenhado em manter a “honra” do presidente do que combater a corrupção.