
Na guerra para eleger o candidato de Jair Bolsonaro (sem partido), Arthur Lira (PP-AL), como presidente da Câmara, o governo federal deu início a retaliações e retirou cargos de deputados aliados a Baleia Rossi (MDB-SP), candidato com discurso de independência do Planalto e apoiado pela oposição.
De acordo com o jornal O Globo, deputados foram informados que indicados seus em postos na administração federal foram exonerados nos últimos dias. A votação na Câmara está marcada para a noite da próxima segunda-feira (1º) e deve invadir a madrugada.
Desforra do governo
Flaviano Melo (MDB-AC) perdeu dois indicados no estado que mantinha desde o governo Temer. Foram exonerados neste mês Jorge Mardini Sobrinho, superintendente do Iphan, e Luciana Videl de Moura, da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Luciana é esposa do deputado.
“São da época do Temer. Ninguém mexeu neles e eles ficaram lá. Nem perguntei o motivo, porque eu sou do MDB e o MDB da Câmara não é da base do Bolsonaro, mas também não ia mandar (os indicados) saírem”, afirmou.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) também sofreu uma retaliação. Seu indicado na superintendência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) no Maranhão, João Francisco Jones Fortes Braga, foi demitido neste mês. No entanto, após pedidos dos deputados do Maranhão com voto declarado em Lira, ele acabou reassumindo o cargo, segundo Rocha.
“Ele tem experiência na área, como exige a Lei das Estatais. Então a bancada, pelo coordenador Junior Marreca (PATRI-MA), pegou a assinatura dos que votam com Arthur Lira para que ele permanecesse. Agora não é mais meu, não tenho mais ingerência”, afirmou.
Embora estivesse adiando um confronto direto, os sinais de retaliação iniciaram semana passada contra o deputado Áureo Ribeiro (SD-RJ), após ele anunciar apoio a Baleia. A superintendente do Ministério da Agricultura no Rio, Renata Briata da Conceição, indicada por ele, foi exonerada, além de outros dois apadrinhados no estado.
Lira nega retaliação
Procurada, a Secretaria de Governo não comentou e Lira nega qualquer retaliação do governo: “O MDB é independente e sobrevive sem espaço no governo, penso eu. Não conheço essas denúncias (de retaliação do governo)”, afirmou.
O candidato de Bolsonaro ainda lembrou que aliados seus perderam cargos ligados à Mesa Diretora da Câmara, presidida por Rodrigo Maia, aliado de Baleia, e insinuou que o mesmo tem ocorrido no governo de São Paulo, comandado por João Doria.
Com informações do jornal O Globo