
Em total dissonância com a ciência e as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Câmara de Vereadores de Garopaba (SC), distante cerca de 80 quilômetros de Florianópolis, decidiu proibir a exigência do comprovante de vacinação – o passaporte da vacina – contra a covid-19 para locais públicos e privados. O único contrário foi do vereador Jean Ricardo (PSB), que defendeu a necessidade de ouvir os alertas da ciência no combate à pandemia.
“Inúmeras pesquisas apontaram a queda nos casos graves e óbitos devido à vacinação em massa que muitos países incentivaram. Devemos acreditar na ciência e de milhares de cientistas envolvidos nas vacinas aprovadas e fazer nosso papel de cidadão consciente: vacinar e dar exemplo a todos aqueles que ainda possuem dúvidas sobre a imunização. Em tempos tão duros, a vacinação e os cuidados para conter a transmissão são as únicas saídas”, defendeu o vereador socialista.
O município tem pouco mais de 23 mil habitantes. De acordo com o último boletim covid-19 disponível no site da Prefeitura do Município, datado do dia 2, o único paciente de Garopaba que foi internado nos últimos dias não havia tomado a vacina. Identificado como M, de 68 anos, teve alta nesse dia.
Porém, no município vizinho, Imbituba, que recebe pacientes da Garopaba, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou, nesta segunda-feira (7), que todos os sete pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Camilo não foram vacinados.
O projeto é de autoria dos vereadores João Julião (PP), Edmundo do Nascimento (PP) e Jairo Pereira dos Santos (PP) e será enviado para sanção ou veto do prefeito. Eles usaram argumentos sem evidência científica. Um dos autores, Julião chegou a citar a frase “Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira”, de Olavo de Carvalho, morto de covid no último dia 24.
No plenário da Câmara, integrantes de movimentos antivacina vindos de outros municípios e apoiadores contra a exigência do passaporte vacinal comemoraram a vitória do negacionismo.