
Durante o pronunciamento em que prometeu que “estabeleceria a verdade” sobre a demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que pediu a intervenção da Polícia Federal para apurar a facada que o atingiu em Juiz de Fora (MG), em 2018. Pela manhã, ao anunciar sua saída do Governo, o agora ex-ministro acusou o presidente de cometer uma série de ações que sugerem crime de responsabilidade.
Citando o caso da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta com pelo menos quatro tiros na cabeça em abril de 2018, Bolsonaro acusou o Moro de se preocupar mais com o crime do que com seu “chefe supremo”, referindo-se a si mesmo, e de ter “compromisso com seu ego e não com o Brasil”. Bolsonaro também acusou o ex-ministro de chantageá-lo para ser indicado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em troca da substituição do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, exonerado hoje do comando da instituição.
Tudo e nada
Ao lado de seus ministros e apoiadores, Bolsonaro ainda fez menção ao amigo Fabrício Queiroz, a Adélio Bispo (acusado pela sua facada), à família de sua mulher, Michelle Bolsonaro, ao filho 04, Jair Renan, e até a um encontro com Sérgio Moro na época em que ainda era deputado. Em mais um momento confuso de sua coletiva, Bolsonaro citou a economia com o fim do aquecimento da piscina olímpica do Palácio da Alvorada, a atuação do Inmetro e até as namoradas de seu filho mais novo.
Sic
Usando a palavra “escrotizar” em rede nacional, o presidente brasileiro reiterou algumas vezes que Sérgio Moro não integrou sua equipe de campanha e que ambos estiveram juntos durante o primeiro turno das eleições já em busca de um cargo em seu Governo.
Destilando mágoas, afirmou também que o ex-juiz da Operação Lava Jato, em sua despedida, afirmou coisas apenas com o intuito de colocar um impasse entre ele e o povo brasileiro e que não permitiria que o ex-ministro o chamasse de mentiroso. “Você não vai me chamar de mentiroso, Senhor Ministro”.
Resposta de Moro
Logo após o fim do pronunciamento de Bolsonaro, Moro usou suas redes sociais para negar qualquer pedido para ingressar no STF. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, escreveu no Twitter.