
Em discurso na convenção nacional do PL, que oficializou sua candidatura à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar e ameaçar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e convocou apoiadores a irem às ruas no 7 de Setembro. Ao longo de sua fala no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, o mandatário brasileiro também exaltou “realizações” do governo e fez elogios a lideranças políticas presentes ao evento, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
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“Vamos às ruas no 7 de Setembro pela última vez. Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis são os poderes Legislativo e Executivo”, afirmou. Ele voltou a defender eleições auditáveis — reforçando a teoria de conspiração de eleições fraudulentas —, e fez os presentes no estádio repetirem a frase “Eu juro defender a minha liberdade”.
Ministros do STF: “Bravata” e “marketing eleitoral”
Os novos ataques do presidente contra os ministros da Corte não terão respostas dos integrantes do STF. Segundo informações do jornal O Globo, para os ministros do STF, o discurso de Bolsonaro durante a convenção, é uma “bravata” e estratégia eleitoreira impor a narrativa de que a Corte é uma inimiga do Palácio do Planalto.
Ao fazer do STF o inimigo de seu governo, Bolsonaro também busca se distanciar da imagem de “incompetente“, pois, de acordo com pesquisa interna realizada pelo PT, o “despreparo” é o maior defeito que os eleitores associam à imagem do presidente.
“Não queremos entrar na disputa e nas provocações”
O ex-presidente Lula sugeriu aos movimentos sociais que realizem o ato em referência a Semana da Pátria no dia 10 de setembro e não no dia 7. O objetivo, segundo o jornal Folha de S. Paulo, é evitar medir forças com os seguidores de Jair Bolsonaro, que poderá aproveitar a data para partir para o “tudo ou nada” com o objetivo de promover um aumento da radicalização ou de deslegitimação do processo eleitoral.
De acordo com a reportagem, “o próprio Lula desencorajou a realização de um ato apenas como resposta aos bolsonaristas, que terão a máquina administrativa a seu favor. O ideal, ponderou, é que seja organizado um ato que reúna apoiadores, incluindo artistas e intelectuais, em torno de um tema, como combate à fome e defesa da soberania nacional”.
Os organizadores da mobilização em torno da candidatura de Lula, definiram como mote da mobilização o “dia nacional de mobilização unitário em defesa da democracia, por eleições livres e contra a violência“.
“A ideia é fazer algo diferente da proclamação ao ódio que o Bolsonaro fará. Não queremos entrar na disputa e nas provocações”, disse um dos coordenadores da campanha de Lula, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Ataques e mentiradas em série
Com a proximidade das eleições, Bolsonaro se mostra desesperado com o crescimento do ex-presidente Lula (PT) nas eleições. A sua estratégia adotada para movimentar o seu eleitorado é a mesma de 2018: atacar entidades governamentais que não subservientes ao seu governo e “cuspir” mentiras sobre o processo eleitoral.
Na mais recente caso, o mandatário atingiu um novo nível de informações falsas: o vexame. Diante de embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a contar lorotas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e ainda citou teorias da conspiração ultrapassadas.
Desta vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi rápido e respondeu todas as 20 mentiras que Jair Bolsonaro afirmou sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. Mas para aquele que ocupa o cargo máximo do Executivo, de nada adianta.
Por meio de uma profusão de mentiras, Bolsonaro vem fomentando a descrença nas urnas desde antes de seu governo. No entanto, ao invés de ser barrado por aqueles ao seu redor, o mandatário tem contado com o respaldo de militares, membros do alto escalão do governo e seu partido em sua cruzada contra a Justiça Eleitoral.
Com informações do Valor e Revista Fórum